Quem passou pela Rua Duque de Caxias e Avenida Antônio Vilhena, no núcleo Cidade Nova, na manhã desta quinta-feira (7), visualizou um ato de descontentamento entre os alunos. Dezenas de estudantes se mobilizaram reivindicando um direito que deveria ser básico, principalmente dentro do âmbito escolar.
Com cartazes, os alunos seguiam pelas ruas em direção à escola, mostrando aos moradores e condutores que ali passavam, a insatisfação de tamanha fragilidade a qual estão sujeitos. As problemáticas da Escola Estadual de Ensino Médio Liberdade, segundo os alunos, estão “maquiadas”, isto porque, a fachada possui pintura e revitalização, mas basta caminhar um pouco até as salas, para enxergar, de fato, a realidade enfrentada por eles.
Alexsa Silva, de 16 anos, é estudante do 2º ano. Inconformada, ela relata como se encontra atualmente as dependências internas da instituição de ensino. “Não temos nada do que a lei prevê, falta o básico, como merenda escolar e banheiros adequados. As centrais de ar-condicionado não suportam a quantidade de alunos, tanto que também usamos ventiladores”, diz.
Leia mais:A instituição que funciona de forma integral entre 7h30 às 16h30, ainda possui um déficit razoável de servidores. Segundo relatos dos próprios alunos, não há professores suficientes para atender a demanda de uma instituição de ensino de nível médio, além da ausência de agentes de portaria. Para além disso, também não há condições de ensino para alunos que possuem alguma deficiência.
“Frente bonita até cemitério tem”. Essa foi a colocação de Fábio Gabriel Santos, estudante de 16 anos, que cursa o 2º ano. Segundo ele, não há condições de uso dos banheiros, porque estão sem portas e as pias entupidas. “Nós estamos reunidos para reivindicar o nosso direito básico, é insalubre estudar em um lugar que diz ser de tempo integral, mas que não dá as condições necessárias para isso”, explica.
Segundo Fábio, atualmente, só existe uma profissional para realizar a limpeza de toda a escola, que possui cerca de 12 salas, e uma outra pessoa que é responsável por servir a merenda para todos, cerca de 450 alunos (isso quando tem). “Nas salas de aulas o forro está caindo, e muitas vezes os professores é que tiram dinheiro do bolso para pagar os reparos na escola. Isso é uma vergonha”, finaliza.
Os alunos cobram a verba que seria destinada para a resolução destes problemas, enfatizando que, de alguma forma, é repassada, mas não chega até a escola que fica no Liberdade.
Assim como os colegas, Maria Clara Ribeiro, de 17 anos, também aderiu ao protesto. A estudante, que está no 3º ano do ensino médio, descreve os obstáculos que tem enfrentado cotidianamente. “Com as chuvas, a sala e o refeitório alagam. Não há laboratórios nem computadores, muito menos uma quadra adequada para as atividades físicas”, argumenta.
O Correio de Carajás entrou em contato com a Diretoria Regional de Educação, que em nota informou sobre questões ligadas não só a escola Liberdade, mais também sobre as demais instituições. As escolas Oneide Tavares, Liberdade, Gaspar Vianna, Paulo Freire e Walkise Vianna receberam a visita do secretário adjunto da Seduc, Patrick Tranjan, nos dias 4 e 5. Na pauta, a discussão de obras de infraestrutura.
Nas escolas “Oneide Tavares” e “Liberdade”, cujas obras estão sendo realizadas pela mesma empresa, a Seduc deu um ultimato de 48 horas para a retomada dos trabalhos e os ajustes necessários. Na escola “Gaspar Vianna”, a retomada da reconstrução já aconteceu, a empresa já está na cidade fazendo o levantamento dos serviços e das equipes. Nas demais escolas, o secretário orientou quanto à aplicação do recurso “Dinheiro Direto nas Escolas Paraenses” (PRODEP).
Dos dois professores que faltavam um já foi lotado. Sobre a merenda escolar, o departamento de alimentação está esperando documentos da escola para entender o que está faltando. Ainda segundo a Seduc, a quadra será reformada numa outra licitação que prevê uma intervenção mais “robusta”. (Milla Andrade e Chagas Filho)