Correio de Carajás

Ailton Krenak é o 1º indígena a ser eleito para a ABL

Filósofo confirmou favoritismo e foi eleito para a cadeira 5, vaga desde a morte de José Murilo de Carvalho

Ailton Krenak — Foto: Acervo Selvagem Ciclo de Estudos / Will Hearl, 2023

Em uma passagem de seu mais novo livro, o recém-lançado “Um rio um pássaro” (Dantes), Ailton Krenak questiona a ideia de que “existimos para criar algo”. Na filosofia ocidental, escreve ele, é “honroso fazer barulho escandaloso na morte”, deixando monumentos para eternizar os que se foram. Apoiando-se no pensamento ameríndio, o ambientalista e filósofo oferece um contraponto: ser como um pássaro, que pousa em silêncio e volta aos céus sem deixar rastros.

Talvez contradizendo a própria imagem acima, Krenak foi eleito, na tarde desta quinta-feira (5), para a Academia Brasileira de Letras, uma instituição que abriga estátuas e “imortais”. Uma das funções da casa, inclusive, é a de preservar o legado de figuras notáveis da nossa cultura. Krenak está agora entre elas: ele ocupará a cadeira 5 da ABL, vaga desde a morte de José Murilo de Carvalho, em agosto. Mais do que isso: é o primeiro indígena a figurar no quadro de acadêmicos, mostrando que a academia vem se abrindo aos pedidos por diversidade nos últimos anos.

Favorito desde o início, Krenak recebeu 23 votos, superando a historiadora Mary Del Priore (12 votos) e outro representante indígena, o escritor Daniel Munduruku (3 votos). Ao contrário dos seus concorrentes, o novo imortal não fez campanha, ficando a maior parte do seu tempo na Reserva Indígena Krenak, no município de Resplendor, no estado de Minas Gerais.

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