A brasileira Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, foi indiciada na última sexta-feira por tráfico de drogas na Indonésia, após ser detida no aeroporto de Bali no dia primeiro de janeiro, com cerca de 3 quilos de cocaína em sua bagagem. Segundo o advogado Davi Lira da Silva, que assiste a família de Manuela Vitória no acompanhamento do caso, ela não tinha conhecimento do que levava nas malas:
— A Manuela foi usada. Tem um termo que a gente usa para isso, que representa bem o que aconteceu. Chama-se: mula. Os policiais da Indonésia mesmo se referiram a ela como atravessadora — explica o advogado, que atua no Pará, estado onde a jovem, moradora de Belém, tinha residência. — Ela não é narcotraficante. Ela é uma jovem que tem sonhos, esperanças.
De acordo com o advogado, ela foi aliciada por uma organização criminosa com atuação em Santa Catarina para fazer a viagem levando o carregamento, com a promessa de que passaria um mês de férias em Bali, com uma matrícula numa escola de surfe garantida.
Leia mais:— Apesar dela desconfiar da ilicitude do fato, ela não sabia o que levava — disse Davi da Silva, ressaltando ainda que ela chegou a tentar desistir da viagem. — Ela foi coagida, forçada. Um dos argumentos da organização era o de que já haviam gasto dinheiro com ela, com as passagens, a hospedagem, a matrícula nas aulas de surfe.
Manuela Vitória, que trabalha como vendedora de roupas e perfumes, contou aos familiares que iria passar o réveillon em Bali com um namorado, que reside em Portugal e com quem ela já havia viajado para o exterior no passado. A brasileira, no entanto, chegou na Indonésia sozinha.
Após aterrissar no aeroporto de Bali, um dos mais movimentados do país, Manuela Vitória acabou detida quando os 3 quilos de cocaína, distribuídos em pacotes escondidos em duas malas, foram detectados no Raio-X. Quatro comprimidos de clonazepam também estavam guardados em uma bolsa. Ela se encontra, desde então, detida, tendo como advogado um defensor público.
Segundo ele, a pena mínima é de cinco anos, mas pode chegar até a pena de morte, de acordo com Davi Lira da Silva. A família chegou a tentar contratar um advogado particular especialista em casos como esse, mas o preço, que ficava acima dos US$ 50 mil, foi um impeditivo.
Manuela Vitória mora no Pará, mas viajou em meados do final do ano passado para visitar a mãe, que estava doente, em Santa Catarina. Davi da Silva afirma já ter entrado em contato com o Itamaraty, que acompanha o caso através da Embaixada em Jacarta.
De acordo com o Diretor de Investigação de Narcóticos de Bali, Kombes Iwan Eka Putra, Manuela relatou não saber que levava substâncias ilegais na bagagem. De acordo com o seu relato, foi prometido a ela entrar em uma escola de surfe em troca do transporte das bagagens.
Ainda conforme disse Kombes Putra, a polícia não conseguiu identificar quem seria o destinatário das drogas.
(Fonte: Paulo Assad/ O Globo)