Três adolescentes marabaenses – um de 14 anos e dois de 13 anos – foram localizados dentro do bagageiro de um ônibus interestadual que seguia para São Luís, no Maranhão. A aventura que se iniciou no sudeste paraense teve fim no município maranhense de Santa Inês, a 560 km de casa e a 250 km do destino do carro, cuja empresa responsável não foi divulgada.
Ontem, terça-feira (20), o Conselho Tutelar de Santa Inês encaminhou o trio de volta a Marabá, levando-o para a Casa de Passagem do município, localizado no Bairro Novo Horizonte, onde todos já estiveram acolhidos por praticarem infrações leves. Ainda da porta, entretanto, os três fugiram mais uma vez e não se sabe, neste momento, onde estão.
De acordo com a secretária de Assistência Social do município, Nadjalucia Oliveira Lima, nos três casos os familiares dos adolescentes possuem a guarda sobre eles e todas as famílias são acompanhadas pela rede de assistência social do município.
Leia mais:Ela relatou que antes da viagem clandestina apenas um dos adolescentes estava acolhido na casa, de onde fugiu no último sábado, dia 17. Outro estava desaparecido desde a última audiência junto ao Ministério Público, quando fugiu durante a entrega que seria feita dele à genitora. O terceiro já tinha passado pela casa, mas atualmente estava judicialmente desacolhido.
“Eles todos foram acolhidos por conselheiros tutelares por estarem nas ruas e à medida que é acolhido só é desacolhido por decisão judicial e em todos os casos já havia sido pedido desacolhimento. Eles são acompanhados pela rede, cometem pequenos atos infracionais e eles têm família em Marabá. Era para estarem com a família”, explica.
Conforme ela, é difícil manter adolescentes nestas condições na Casa de Passagem, principalmente porque eles não estão cumprindo medida disciplinar e sim estão sob proteção. “Eles não ficam, eles fogem, lá não é um regime privado de liberdade. Eles não estão apreendidos como os adolescentes que ficam no Ciam (Centro de Internação do Adolescente Masculino), por exemplo. Não estão cumprindo medida e sim acolhidos como medida de proteção a eles”.
Conforme ela, ao retornarem nesta terça, além de não entrarem na casa ainda incentivaram mais um adolescente acolhido a também fugir. Os menores nestas condições costumam perambular pelas ruas, destaca a secretária. “Nossos técnicos já registraram boletim de ocorrência e comunicaram a situação ao Ministério Público. Os procedimentos são feitos”, afirma.
Nadjalucia garante que a Assistência Social faz todos os tipos de abordagem possíveis em casos desta natureza. “Já foram feitos vários tipos de abordagens, mas eles estão sob tutela da família que é acompanhara pela rede. Acredito que responsabilizar também a família, além do nosso suporte, pode ser a estratégia”, diz. Ela informa que aqueles que permanecem na casa possuem carga horária de atividades socioeducativas e frequentam a escola.
Conforme divulgado pela imprensa maranhense, ao Conselho Tutelar de Santa Inês, os adolescentes apresentavam duas versões diferentes para a viagem que estavam tentando fazer: primeiro informaram que iriam para São Paulo, onde pretendiam virar jogadores de futebol, depois afirmaram que iriam para São Luís passear. (Luciana Marschall)