A dor é o sintoma que mais comumente leva o paciente a buscar atenção médica. O manejo consiste em determinar sua causa, aliviar os fatores deflagradores e potencializadores, bem como proporcionar o alívio rápido sempre que possível.
A dor pode ser de origem somática (pele, articulações, músculos), visceral ou neuropática (lesão dos nervos, vias da medula espinal ou tálamo). É importante dar atenção especial à história clínica de dor crônica, dor intensa e à depressão. A depressão maior é comum, tratável e potencialmente fatal que leva ao suicídio.
A dor somática: Estímulo nociceptivo geralmente evidente, comumente bem localizada, semelhante às outras dores somáticas na experiência do paciente, aliviada por anti-inflamatórios ou analgésicos narcóticos. A dor visceral: Mais comumente ativada por inflamação, dor mal localizada e em geral referida, associada ao desconforto difuso (p. ex., náuseas, distensão abdominal), aliviada por analgésicos narcóticos.
Leia mais:A dor neuropática não tem nenhum estímulo nociceptivo óbvio, evidência associada de lesão nervosa (p. ex., comprometimento sensorial, fraqueza), incomum, diferente da dor somática, frequentemente lancinante ou como choque elétrico, apenas parcialmente aliviada por analgésicos narcóticos, podendo responder a antidepressivos ou anticonvulsivantes
A dor crônica com frequência, o problema é de difícil diagnóstico certeiro, e os pacientes podem parecer emocionalmente perturbados. Diversos fatores podem causar, perpetuar ou exacerbar a dor crônica: doença dolorosa para a qual não existe cura (p. ex., artrite, câncer, cefaleia crônica diária, neuropatia diabética); fatores perpetuadores iniciados por doença orgânica que persistem depois de resolvida a doença (p. ex., nervos sensoriais ou simpáticos lesionados); condições psicológicas.
Os agentes que modificam a percepção da dor podem agir reduzindo a inflamação tecidual como os Antinflamatórios Não Hormonais, inibidores da síntese das prostaglandinas), interferindo na transmissão da dor como os narcóticos ou aumentando a modulação descendente como os narcóticos e antidepressivos. Os anticonvulsivantes (gabapentina, carbamazepina) podem ser efetivos para as sensações dolorosas aberrantes que se originam da lesão do nervo periférico.
Dor somática aguda: Dor leve a moderada em geral pode ser tratada de maneira efetiva com analgésicos não narcóticos (p. ex., ácido acetilsalicílico, paracetamol e AINEs, que inibema ciclo-oxigenase (COX) e, com exceção do paracetamol, apresentam ações anti-inflamatórias, sobretudo em doses altas. Particularmente efetivos para cefaleia e dor musculoesquelética.
Dor crônica: Deve-se desenvolver um plano de tratamento explícito, incluindo metas específicas e realistas para a terapia (p. ex., obter uma boa noite de sono, ser capaz de fazer compras ou voltar ao trabalho). Uma conduta multidisciplinar que utiliza medicamentos, aconselhamento, fisioterapia, bloqueios nervosos e mesmo cirurgia pode ser necessária para melhorar a qualidade de vida.
É primordial a avaliação psicológica; os paradigmas de tratamento com base comportamental são frequentemente úteis. Alguns pacientes podem precisar de encaminhamento a uma clínica específica; para outros, o tratamento farmacológico isolado pode proporcionar ajuda significativa.
Os antidepressivos tricíclicos são úteis no tratamento da dor crônica decorrente de muitas etiologias, como cefaleia, neuropatia diabética, neuralgia pós-herpética, dor lombar crônica, câncer e dor central pós-AVE.
Os anticonvulsivantes ou os antiarrítmicos beneficiam os pacientes com dor neuropática (p. ex., neuropatia diabética, neuralgia do trigêmeo). O uso de opioides por longo prazo é aceito para a dor decorrente de neoplasias, sendo, porém, controverso para a dor crônica de origem não neoplásica.
* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
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