Correio de Carajás

Traficantes atiram em crianças e adolescentes na Vila do Rato

Não é de hoje que a Vila Canaã, mais conhecida como “Vila do Rato”, na Marabá Pioneira, vem se tornando uma zona vermelha, onde imperam o tráfico e a violência. Aliado a isso, a mesma situação se registra na área do bairro Cabelo Seco denominada de “PAC”. Os traficantes das duas regiões disputam o território à bala. E no meio desse fogo cruzado estão as pessoas que vivem nos dois bairros, entre elas crianças e jovens. Quatro deles passaram por uma situação extrema: jogavam bola no campinho do bairro quando foram baleados por quatro criminosos, que simplesmente atiraram na direção da meninada. Entre os atingidos está uma criança de apenas cinco anos de idade… Cinco! Se existe algo positivo nisso tudo é o fato de que um dos suspeitos foi preso. Tudo isso ocorreu entre a tarde e noite de quinta-feira.

A Vila do Rato é desprovida das famosas praças que abundam em outros cantos da cidade. A diversão da criançada é mesmo o campinho de terra batida, onde eles interagem, sonham e se esquecem da violência, da pobreza e do descaso estatal a que estão submetidos. Mas nem lá eles tiveram paz.

À distância, as ruas do Vila do Rato parecem até tranquilas. Mas só parece.
 

Era por volta das 16h quando quatro foras da lei chegaram no campo e atiraram na direção dos meninos, que correram pelas veredas do matagal que cerca o bairro, na tentativa de escapar, mas quatro deles foram atingidos: um na mão direita, outro no tornozelo, no joelho e um nas costelas, que ainda está internado. As vítimas têm 17, 16, 13 e cinco anos.

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Aliás, o menino mais novo foi quem levou um tiro na mão direita. A bala transfixou e foram necessários quatro pontos para fechar o ferimento, mas o membro dele ainda estava muito inchado ontem, quando a reportagem do Correio esteve lá conversando com ele.

O rapazinho diz que estavam todos no campo jogando, quando os acusados chegaram e sem dizer uma palavra sequer, um deles atirou na direção dos meninos. “Aí foi e chegou lá metendo bala”, resume o garoto, acrescentando que correu junto com outros meninos na direção de outro campinho, o “Granito”, que fica na área do varjão, na direção do aterro do Bambuzal.

A mãe dele, Leidiane Pereira, aparentava tranquilidade na sua voz, mas não deixou de revelar sua revolta, até porque o campo de futebol é o único espaço de lazer no bairro. “A criança procura um lazer e quando acha vem essas coisa aí”, relata, acrescentando que a ação criminosa foi uma rixa entre moradores do PAC com moradores da Vila do Rato, por isso ela classifica o que aconteceu como uma covardia, pois as crianças nada têm a ver com essa guerra entre gangues.

Um preso

Quando a Polícia Militar chegou ao local do tiroteio prestou logo os primeiros socorros ao menino de cinco anos, baleado, e acionou uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que chegou rapidamente e levou todos para o Hospital Municipal de Marabá (HMM).

Júnior “Boto” foi preso acusado de atirar em crianças. Ele não conversou com a Imprensa/ Foto: Divulgação

Em seguida, populares informaram que quem efetuou os disparos foram indivíduos do PAC conhecidos como Júnior “Metralha”, Junior “Boto” e “Nego Cho”. Em diligência no PAC uma guarnição encontrou Francival Mota da Silva Junior, vulgo “Boto”. Ele estava descendo de um mototaxi e foi abordado pela guarnição. Que três populares foram até a delegacia dizendo reconhecer “Boto” como sendo o autor dos disparos. Em razão disso, ele foi apresentado na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil.

Sobre o assunto, o diretor da unidade, delegado Vinícius Cardoso das Neves, enalteceu o bom trabalho policial e afirmou que o próximo passo será identificar e prender os outros indivíduos que participaram da ação criminosa. (Chagas Filho)