As mudanças na rotina e a necessidade de isolamento, causada pela pandemia do novo coronavírus, trouxe à tona alguns relatos nas redes sociais de pessoas que passaram a ter sonhos mais intensos e realistas durante o sono.
Os relatos envolvem a sensação de uma realidade aumentada, desencadeando diversos sentimentos, entre eles medo, surpresa, ansiedade e até tristeza.
De acordo com Paula Costa, psicóloga da Pró-Saúde e com atuação no Hospital Regional Público da Transamazônica, em Altamira (PA), os sonhos considerados estranhos ou até pesadelos podem ser mais comuns do que se imagina neste momento conturbado de pandemia.
Leia mais:“Temos algumas explicações, uma delas é a tensão com todos os problemas que surgem, as questões mentais e a ansiedade. Por exemplo, algumas pessoas com problemas financeiros podem ter sonhos aflitivos, que podem ajudar a enfrentar a situação ou pensando de forma positiva”, esclarece.
Considerado o pai da teoria do evolucionismo, para Charles Darwin (1809-1982) nós usamos os sonhos para experimentar situações diferentes em um ambiente seguro. Outro argumento, defendido pelo psicanalista Sigmund Freud (1856-1939), é a da consolidação das memórias que surgem quando estamos processando a informação adquirida, para criar lembranças ou organizar algum conhecimento.
Como a ansiedade pode afetar o sono
A ansiedade, principalmente durante a pandemia, pode afetar o sono e os sonhos. Essa é uma resposta a um estímulo aversivo, no qual acontece a liberação de um hormônio chamado cortisol. A função do cortisol é ajudar o organismo a controlar o estresse, reduzir inflamações, além de contribuir para o funcionamento do sistema imune, manter os níveis de açúcar no sangue constantes e o controle da pressão arterial.
“Outro fator que podemos citar é como tudo isso ainda afeta a nossa memória, o que nos leva a situações traumáticas, ou seja, a ‘química’ é afetada e resulta na má qualidade do sono, que nos leva aos sonhos estranhos, pesadelos, espasmos, entre outras situações”, explica a psicóloga Paula.
A jornalista Andriele Moraes, por exemplo, é uma das pessoas que vem enfrentando esse momento. “Estou tendo, de maneira recorrente, sonhos estranhos que, de fato, não consigo compreender. Em um deles, sonhei que estava namorando e essa pessoa tentava me agredir fisicamente. Acordei gritando, foi muito real”, comenta.
Distúrbios do sono
Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa onde 41,7% dos entrevistados apontaram distúrbios do sono durante a pandemia, como dificuldade para dormir ou dormir mais do que de costume.
Para a psicóloga da Pró-Saúde, o sono saudável pode variar de um indivíduo para o outro. “Existem pessoas que dormem cinco horas por noite e se sentem descansadas, apesar da orientação para uma noite saudável de sono ser, no mínimo, de oito horas. O fato é que os distúrbios do sono podem afetar muito o desenvolvimento de nossas atividades, causando prejuízos na nossa vida. Afinal, a falta de sono ou a sonolência afetam diretamente a nossa saúde física e emocional”, afirma Paula.
Um outro fator, relacionado ao consumo excessivo de notícias sobre o coronavírus, pode aumentar o nível de estresse. A psicóloga orienta alguns cuidados para favorecer uma noite de sono melhor.
“Criar uma rotina, procurando dormir e acordar no mesmo horário; evitar o consumo de bebidas estimulantes antes de dormir, como o café ou energéticos; não comer alimentos pesados antes de dormir; aliviar o estresse por meio de atividades prazerosas e procurar não passar o dia todo de pijama. O nosso cérebro precisa compreender que não estamos mais na cama”, alerta a profissional.
Sobre a Pró-Saúde
A Pró-Saúde é uma entidade filantrópica que realiza a gestão de serviços de saúde e administração hospitalar há mais de 50 anos. Seu trabalho de inteligência visa à promoção da qualidade, humanização e sustentabilidade. Com 16 mil colaboradores e mais de 1 milhão de pacientes atendidos por mês, é uma das maiores do mercado em que atua no Brasil. Atualmente realiza a gestão de unidades de saúde presentes em 24 cidades de 12 Estados brasileiros — a maioria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Atua amparada por seus princípios organizacionais, governança corporativa, política de integridade e valores cristãos.