O importante tratamento e acompanhamento de 27 pacientes oncológicos segue prejudicado em Marabá. A clínica Oncoradium, em nota ao CORREIO, confirmou que não tem como manter o atendimento de alto custo sem as devidas contrapartidas da operadora de saúde. Além disso, a empresa contesta as afirmações feitas pela Unimed Fama em sua nota sobre o caso, divulgada na última edição do Jornal. Uma reunião convocada para a manhã desta quinta-feira (5) com as partes na Promotoria de Justiça de Marabá pode firmar uma solução.
De outro lado, o CORREIO levantou que representantes da Unimed estiveram ontem (4) na Oncoradium e fizeram uma proposta de parcelamento do montante atrasado, o que foi aceito por esta última. A clínica afirmou que, assim que a primeira parcela for paga, poderá retomar o atendimento de imediato.
Na última edição do Jornal, o leitor teve acesso ao drama de parte de uma comissão — formada por 27 pacientes — que buscou o Ministério Público Estadual a fim de protocolar denúncia, e também a Imprensa, para externar a queixa diante do impasse.
Leia mais:Na denúncia, o grupo expôs que os serviços no âmbito da oncologia estão suspensos desde o dia 3 de fevereiro pela Oncoradium, e que o problema tinha origem nos atrasos de pagamento da Unimed Fama para com a prestadora do atendimento. A ocorrência também foi confirmada pela advogada Roberta Celestino Ferreira, que integra a Comissão de Saúde da OAB Subseção Marabá e representa o grupo.
Em nota enviada a este CORREIO, a clínica relata que “sem a devida contrapartida por parte da Unimed Fama referente aos repasses, a continuidade dos tratamentos oncológicos foi prejudicada, uma vez que os procedimentos são de alto custo” (trecho).
Ainda na nota, a Oncoradium pontua que “as informações divulgadas pela Unimed Fama não procedem e não condizem com a verdade”. É que a empresa de serviços de saúde (em resposta às alegações feitas pelo grupo na matéria) sustentou que a clínica suspendeu os atendimentos do convênio de maneira ‘unilateral’ e sem notificação formal. A Oncoradium nega veementemente.
OUTRA NOTA
Na matéria, uma paciente que buscou este grupo de comunicação contou ter sofrido discriminação por parte da Unimed Fama em função do seu quadro de saúde (ela tem câncer e faz quimioterapia para tratar a doença). A corporação, então, procurou a Reportagem na manhã em que o relato começou a circular para contradizer a usuária.
Em nova nota, a Unimed Fama sustenta que “sempre trabalha em prol do bem-estar de seus beneficiários oferecendo serviços de saúde com qualidade” e alega nunca ter recusado a adesão de qualquer beneficiário por sua condição de saúde.
Pondera, também, que “ofereceu à toda coletividade de usuários da administradora do Plano de Saúde contratante do plano da beneficiária em questão, em audiência pública realizada junto à 7ª Promotoria de Justiça de Marabá, na presença da advogada Roberta Celestino, a transferência daqueles beneficiários para sua Operadora”.
De acordo com a Fama, as administradoras de benefícios “podem realizar a mudança da rede assistencial sendo que, com base nesta disposição, a mesma realizou a migração dos beneficiários para outros planos de saúde, que não a Unimed FAMA, tendo isto ocorrido no caso em questão, com a anuência da referida beneficiária”.
VERSÃO DIFERENTE
A Reportagem procurou novamente a paciente Rosana Cristina Pereira da Costa, que foi citada pela Unimed Fama. No início da conversa, por telefone, ela disse receber com ‘muita tristeza’ a notícia de que a empresa “não se coloca na posição de resolver o problema, mas apenas de acusar e tentar manipular a opinião pública” (em referência à nota da administradora).
Rosana era atendida pela Unimed Sul do Pará até abril de 2019, quando mais de 3 mil pacientes, incluindo ela, deixaram de ser assistidos pela rede em nome de uma portabilidade que foi oferecida. Foi aí que a dor de cabeça começou, segundo a professora concursada da Prefeitura de Marabá.
Ela paga R$ 1.862 por mês para tratar de um câncer de mama, detectado em janeiro do ano passado, e narra com voz embargada as inúmeras vezes em que precisou acionar a Justiça para, na visão dela, garantir seus direitos.
A paciente diz esperar que a Fama mude a postura com os usuários do plano. “Nessa guerra criada por eles, quem mais perde somos nós. Estamos aqui (na mídia) não para massacrá-los, mas para que vejam nossa mobilização e cumpram o que tanto afirmam nas notas”, declara. (Vinícius Soares)