Correio de Carajás

Delta Park 2: Moradores sofrem com constante falta de água

As cerca de 240 famílias que moram no Loteamento Delta Park 2 estão enfrentando um problema complexo: falta d’água constante. As bombas e as caixas que atendem a comunidade parecem não dar conta do recado. Os moradores até se organizaram e criaram uma associação para resolver este e outros problemas do bairro. Mas, e o poder público? O que tem feito?

A situação piorou quando foram detectados vazamentos em uma das caixas d’água que abastecem o bairro. A associação contactou com a empresa responsável pelo projeto, que fez os reparos, mas ainda é necessário um tempo até que a caixa esteja definitivamente liberada. Enquanto isso, foi criado um ponto de apoio, com um disjuntor e uma mangueira, para os moradores encherem as vasilhas. A situação é um incômodo.

Entre os moradores que reclamam está Manoel Nascimento, que é um dos mais antigos da área – está desde 2015. Ele diz que a situação é complicada porque no momento em que o contrato é assinado com a construtora e a Caixa Econômica Federal (CEF), está garantido sistema de tratamento e de distribuição de água. “Depois que assume o compromisso a gente encontra essa dificuldade e não tem pra quem recorrer… muitas vezes o morador não sabe nem onde resolver”, observa.

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Manoel, que já tirou dinheiro do próprio bolso para consertar a bomba, diz que teve de mandar fazer um poço semiartesiano em sua propriedade para resolver a dificuldade, mas ele entende que a saída não pode ser essa, pois os moradores que compraram as casas no novo bairro têm direito a um sistema de água que funcione e atenda as demandas a contento. “Aqui está difícil”, resume.

Outra moradora insatisfeita com o problema é Ana Karoline Aguiar, residente em uma casa na Rua 35. “Aqui está muito ruim porque a gente nunca sabe quando vai faltar água”, reclama, ao acrescentar que o esposo dela já teve de buscar água no ponto de apoio, às 2h da madrugada, pois chegou do trabalho e não havia água em casa. “Estou muito indignada com essa situação. Isso não é coisa que se faça. A pessoa compra uma casa com garantia de água e esgoto e não vai ter água”, desabafa.

Morador da Rua 32, Juliel Carvalho dos Santos chama atenção para outro problema relacionado às constantes faltas de água no bairro. É que quando a caixa d’água das casas fica vazia geralmente costuma dar entrada de ar, de modo que é necessário fazer uma série de procedimentos, até mesmo subir no telhado para tirar a entrada de ar diretamente na caixa. “É difícil morar num lugar desses”, lamenta, acrescentando que, ao financiar o imóvel a promessa era de que haveria água e esgoto.

Sistema de abastecimento não atende demanda do bairro, que deve crescer mais

Sistema ineficaz

Juliel tem razão. Em abril de 2017, o Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá (SSAM) enviou um ofício ao representante da construtora que tocava a obra na época, informando que o sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto do loteamento tinha viabilidade técnica. Ou seja, o município recebeu o equipamento.

O mais impressionante no documento é que as duas “bacias” que compõem o sistema estão dimensionadas para atender a 1.279 unidades habitacionais, mas já está dando problema com 20% da capacidade de casas habitadas.

Enquanto isso, a associação de moradores vem se virando como pode. Fazem vaquinha, compram bombas, instalam suporte para que os moradores encham vasilhas com água, enfim, os habitantes do Delta Park 2 dão exemplo de persistência e de trabalho, bem diferente do poder público, que mal faz sua parte.

Prefeitura lava as mãos

Procurada pelo CORREIO, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura (ASCOM) explicou que, há cerca de três meses, foi acordado entre a prefeitura, o Ministério Público e os moradores que seria criada uma associação de moradores que passaria a ser responsável pelo sistema de abastecimento de água e esgoto.

Contudo, segundo a ASCOM, a prefeitura vem prestando assistência, inclusive uma equipe da SSAM foi enviada para o local na terça-feira para dar suporte aos moradores. Mas a ASCOM reforça que a responsabilidade é da associação dos moradores e não do município. (Chagas Filho)