Circula nas redes sociais um vídeo de 1 minuto e 14 segundos – de autoria anônima – em que são feitas críticas ao prefeito Tião Miranda, acusando-o de privilegiar com investimentos públicos os eventos promovidos pelos movimentos LGBTI, como a famosa “parada gay”, em detrimento das festas religiosas, com o Círio de Nazaré e a Marcha pra Jesus. Pois bem, a história foi parar na delegacia e os autores do vídeo apócrifo, caso sejam identificados, terão de se explicar às autoridades.
O Boletim de Ocorrência não foi feito por nenhum representante da prefeitura, mas por ativistas do movimento LGBTI local. A jornalista Tayana Marquioro e a engenheira ambiental Giovanna Saraiva prestaram queixa na delegacia por entenderem que o vídeo acaba incitando o ódio de parte da sociedade contra o movimento LGBTI.
Para a reportagem do CORREIO, elas disseram que o objetivo delas é identificar e punir os responsáveis pelo vídeo que imputa uma série de inverdades ao movimento LGBTI e à prefeitura, inclusive chamando as ações do movimento de “balbúrdia” e uma série de palavras que, para elas, nem vale a pena reproduzir. “A gente quer levar isso ao conhecimento da população e explicar que são inverdades, são declarações infundadas”, explica Marquioro.
Leia mais:O vídeo faz comparações dos investimentos do município à parada LGBTI de Marabá, contrapondo com os incentivos dados a alguns eventos religiosos. “Na verdade, há uma discrepância absurda porque o município sempre apoiou também eventos religiosos, como a Marcha pra Jesus, o próprio Círio de Nazaré, que tem aí auxílio de infraestrutura, pagamento até de cachê de atrações para esses eventos, e que a gente também nunca questionou, porque são muitos dignos e uma forma de apoio cultural e religioso à população do município”, explica Tayana Marquioro.
A ativista diz não saber qual a razão da comparação de investimentos entre uma coisa e outra, até porque o investimento na Parada LGBTI de Marabá é “mínimo e pontual”, embora tenha sido um evento que no seu show reuniu mais de 16 mil pessoas ano passado. “Com ou sem incentivo sempre aconteceu (a parada LGBTI), até porque o evento não se restringe ao desfile do último dia; existe uma semana de programações com palestras educativas sobre saúde, cidadania e pregando uma cultura de paz, que são fundamentais para o município”.
Marquioro teme que esse trabalho fique prejudicado na medida em que circulam vídeos com inverdades como este de agora. Ela observa que o momento no país exige que as pessoas se respeitam e observa que até dentro do movimento LGBTI existem pessoas que congregam em igrejas evangélicas. “Queremos respeito, assim como nós respeitamos as manifestações religiosas. A gente nunca questionou o papel que a religião tem na vida das pessoas”, observa Tayana Marquioro, que administra o “Coletivo Empodere-se”, que tem mais de 500 mulheres.
SAIBA MAIS
Procurada pelo jornal para falar sobre o assunto, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura (ASCOM) deu a seguinte resposta: “A Prefeitura tem por regra não responder ataques falsos e repudia veementemente que tais ofensas sem qualquer fundamento sejam dirigidas a grupos sociais ou religiosos”.
(Chagas Filho e Josseli Carvalho)