A segunda expedição de técnicos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na bacia hidrográfica do rio Tocantins percorreu, ao longo de onze dias, cerca de 4 mil quilômetros nos estados do Pará e Tocantins. O objetivo foi coletar dados primários e identificar características geográficas, ambientais, culturais e socioeconômicas para a elaboração do Plano Nascente Tocantins-Araguaia. As informações levantadas foram registradas por meio de georreferenciamento, fotografias, entrevistas, relatórios, entre outros documentos.
O ponto de partida da expedição foi na confluência dos rios Tocantins e Araguaia, na região do Bico do Papagaio, na divisa entre os estados do Maranhão, Pará e Tocantins. De lá, os técnicos seguiram para o encontro dos rios Itacaiunas e Tocantins, em Marabá, onde também foi possível observar a prática da pecuária, base da economia do município.
“É importante realizar esse tipo de expedição, com o levantamento e o registro de informações em campo, para que a Codevasf saiba a real situação da área e planeje ações de desenvolvimento de forma integrada e sustentável compatíveis com as vocações da região”, afirmou o analista em Desenvolvimento Regional Eduardo Motta, especialista da Assessoria da Presidência da Companhia.
Leia mais:Ainda no Pará, em Parauapebas, o trabalho de campo incluiu, por exemplo, o registro da atividade de mineração e das unidades de conservação ambiental. No município de Tucuruí, foram observados aspectos relacionados à produção de energia, ao nível dos reservatórios de água e às eclusas, que possibilitam a navegação no rio Tocantins. Já em Barcarena, a equipe coletou informações associadas às atividades do porto fluvial – um dos mais importantes do estado – e aos igarapés e às praias da ilha de Trambioca. Depois, nos municípios paraenses de Goianésia do Pará, Tailândia e Moju foram examinados a prática da pecuária; o cultivo de milho, soja, dendê e açaí; e o extrativismo de frutos nativos, com destaque para castanha, cupuaçu e bacuri.
Os técnicos da Codevasf também estiveram em Belém para coletar dados sobre recursos hídricos, cultura e turismo, além de dialogar com possíveis parceiros, como o Museu Paraense Emílio Goeldi – instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Para finalizar a expedição, a equipe visitou vários municípios na Ilha de Marajó, onde está localizada a foz do rio Tocantins, maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, banhada pelo Oceano Atlântico e pelos rios Tocantins e Amazonas, que se destaca na criação de búfalos e no turismo.
“Existem várias potencialidades e oportunidades para a empresa explorar na bacia do Tocantins, seja do ponto de vista social, cultural, econômico ou ambiental”, avaliou Eduardo Motta.
Segundo o chefe da Unidade Regional de Apoio à Produção da Codevasf no Maranhão, Emanuell Martins, que também participa das expedições para elaboração do Plano Nascente Tocantins-Araguaia, estão previstos mais duas incursões em campo para concluir o diagnóstico da região.
Na primeira expedição, realizada em setembro de 2019, a equipe da Codevasf percorreu 5,4 mil quilômetros nos estados de Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Entre as áreas visitadas, destacam-se as nascentes do rio Araguaia, do rio Caiapó, afluente do Araguaia, e de outros cursos d’águas importantes na região, como os rios Garças, das Mortes, Cristalino, Formoso, Javaés e do Coco – além do Centro de Pesquisa Canguçu e da Ilha do Bananal, considerada a maior ilha fluvial do mundo.
Nova área de atuação
A bacia hidrográfica do rio Tocantins foi incluída na área de atuação da Codevasf por meio da Lei nº 13.702/2018. Desde então, além da elaboração de estudos e planos, a empresa está em articulação com o governo federal, governos estaduais e municipais, o Congresso Nacional e instituições parceiras para a execução de ações de desenvolvimento regional.
Em dezembro de 2019, o diretor-presidente da Companhia, Marcelo Moreira, anunciou que a empresa vai inaugurar um escritório em Palmas neste ano. “A abertura do primeiro escritório da Codevasf em Tocantins será um marco histórico. É um compromisso do governo federal e vai acelerar nossas ações na região”, disse.
Além de publicar dados colhidos nas expedições, o Plano Nascente Tocantins-Araguaia vai apresentar uma série de pesquisas e análises realizadas por técnicos da Codevasf. O objetivo é contribuir com diferentes estratégias de recuperação hidroambiental e subsidiar ações integradas e permanentes capazes de promover o uso sustentável de recursos naturais, a recuperação de áreas degradas e o aumento da qualidade e quantidade de água.