O Ministério Público Federal (MPF) enviou um documento à Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) solicitando providências em relação ao aumento da violência no município de Anapú, sudoeste do Pará. De acordo com o MPF, houve um crescimento nas ocorrências de conflitos agrários na região. Um levantamento realizado pelo órgão aponta que, nos últimos três anos, 16 pessoas foram assassinadas no município, sendo duas delas na última semana.
No documento, o MPF pede informações sobre as investigações dos dois assassinatos. Além disso, o MPF solicitou informações sobre as providências que estão sendo tomadas para prevenir e coibir a violência contra os moradores e lideranças dos lotes 96 e 97 da gleba Bacajá, onde há pressão para expulsão de trabalhadores rurais.
No dia 4 de dezembro, o mototaxista Marcio Rodrigues dos Reis, de 33 anos, foi assassinado a golpes de faca no pescoço, durante emboscada em estrada vicinal entre as cidades de Anapu e Pacajá. Ele era a principal testemunha de defesa do padre José Amaro Lopes de Sousa. O religioso era considerado braço direito da missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005 em Anapu, dando continuidade ao trabalho de defesa os direitos humanos, assentamento de sem-terra e as reformas fundiária e agrária na região, marcada por conflito de terra.
Leia mais:Cinco dias depois da morte de Márcio Reis, o conselheiro tutelar e ex-vereador do município, Paulo Anacleto, também foi assassinado, a tiros, próximo à praça central de Anapu. Testemunhas disseram à Polícia que a vítima estava em um carro quando uma dupla armada, que estava em uma moto, disparou diversas vezes. Paulo morreu na hora, em frente ao filho de cinco anos de idade. Segundo o MPF, embora o crime tenha ocorrido na área urbana de Anapu, há indícios de que a expulsão de trabalhadores rurais de áreas sob conflito agrário possa estar dentre as motivações dos crimes. (G1/Pa)