O projeto Serra Leste, para extração de minério de ferro no município de Curionópolis (PA), está a um passo de ter sua capacidade de produção ampliada. Operado pela mineradora multinacional Vale, o Serra Leste tem esse nome porque se localiza na porção leste da mundialmente famosa Serra dos Carajás, um conjunto de terras extremamente ricas em recursos minerais e que empresta o nome para o complexo minerador da empresa.
Denominado “10 Mtpa”, que implica dizer ampliação para 10 milhões de toneladas por ano de minério de ferro ante a atual capacidade de 6 Mtpa, o projeto Serra Leste prevê demandar 1.300 postos de trabalho diretos na etapa de implantação e mais de 1.000 na etapa de operação. As informações constam do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), encomendado pela Vale à consultoria Amplo e ao qual a Assopem teve acesso.
Para implantação do projeto, estão previstas uma série de ampliações das estruturas existentes e a abertura de novas estruturas ? novas cavas para extração de minério, novas pilhas de disposição de estéril e nova usina de beneficiamento, bem como adequação e ampliação das estruturas de apoio existentes. O Serra Leste consiste na extração e beneficiamento de minério de ferro à umidade natural, o que descarta a necessidade de uso expressivo de água e a implantação de barragens. O escoamento da produção adicional será pela Estrada de Ferro Carajás (EFC).
Leia mais:VAGAS PARA ENGENHEIROS
Em números, de acordo com o texto de 98 folhas do Rima, a etapa da ampliação de Serra Leste demandará a contratação de 1363 trabalhadores, entre mão de obra própria da Vale (1.089 trabalhadores) e terceirizada (274 trabalhadores). Desse volume, 85% farão parte do quadro de operários da construção civil e da montagem eletromecânica.
Serão recrutados, assim, serventes, pedreiros, ajudantes, armadores, carpinteiros, encarregados, bombeiros hidráulicos, encanadores, eletricistas, mecânicos montadores, maçariqueiros, marteleiros, motoristas de veículos leves e pesados, operadores de equipamentos, soldadores, entre outros, aponta o relatório.
O restante serão engenheiros (civil, mecânico, eletricista) e técnicos (de segurança do trabalho, meio ambiente, técnico em edificações e estradas, entre outros). Para a operação, a previsão é de dobrar o número atual de engenheiros. A intenção da Vale é contratar o maior número possível de trabalhadores da implantação no município de Curionópolis e municípios vizinhos, “visando ao aproveitamento e incorporação da mão de obra disponível na região”, descreve a consultoria Amplo, sem, entretanto, fazer alusão às especificidades das contratações para a operação.
Mais de R$ 15 milhões em royalties
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que em 2016 a Serra Leste produziu para exportações 4,5 Mt de minério de ferro (75% da capacidade nominal), que renderam quase 139 milhões de dólares à Vale. Já o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) revela que minério de ferro do projeto gerou R$ 6,43 milhões em royalties de mineração ao poder público.
Este ano, Serra Leste já rendeu 2,3 Mt entre janeiro e julho, movimentando quase 120 milhões de dólares em exportações e gerando R$ 6 milhões em royalties. Desde que começou a operar, Serra Leste já possibilitou aos governos federal, estadual e municipal mais de R$ 15 milhões em royalties.
No atual ritmo de produção, a mina, que começou a ser explorada em 2014, será exaurida em 2059, de acordo com “Relatório Anual 2016”, da Vale, publicado este ano. Com a ampliação, a vida útil cai para 11 anos, pela lavra global de 107 Mt de minério de ferro, conforme aponta o Rima.
Para a Vale, são evidentes as vantagens socioeconômicas de se desenvolver a ampliação de Serra Leste, “que é um empreendimento de porte representativo para o contexto municipal e regional”. O Rima alerta para o fato de que a atual reserva autorizada para lavra tende a cessar em 2017 e que, caso o empreendimento não seja viabilizado, “é previsto um acirramento do atual quadro de crise econômica caracterizado no país devido à diminuição da oferta de empregos e à diminuição da necessidade do comércio e dos serviços”.
‘ALFINETADA’ EM PARAUAPEBAS
Apesar de técnico, o Rima de Serra Leste é bastante positivo no sentido de abrir os olhos de prefeituras e gestores para o fato da dependência da mineração, sem que sejam criadas condições estruturantes e alternativas para que os municípios sobrevivam quando os recursos minerais, esgotáveis, forem exauridos.
Na página 82, o relatório chama atenção em poucas linhas para o grau elevado de atrelamento das finanças municipais e do desenvolvimento social à atividade da indústria extrativa de projetos como Serra Leste. “Caso se opte pela não implantação do Projeto Serra Leste 10 Mtpa, fato que conduz à admissão do encerramento das operações da Mina Serra Leste, o cenário atualmente de declínio das condições sociais e econômicas, tenderá a acentuar visto a limitada possibilidade de encontrar novas vocações municipais que possam suprir o encerramento da atividade de mineração, principalmente no contexto do município de Parauapebas”. (André Santos)
O projeto Serra Leste, para extração de minério de ferro no município de Curionópolis (PA), está a um passo de ter sua capacidade de produção ampliada. Operado pela mineradora multinacional Vale, o Serra Leste tem esse nome porque se localiza na porção leste da mundialmente famosa Serra dos Carajás, um conjunto de terras extremamente ricas em recursos minerais e que empresta o nome para o complexo minerador da empresa.
Denominado “10 Mtpa”, que implica dizer ampliação para 10 milhões de toneladas por ano de minério de ferro ante a atual capacidade de 6 Mtpa, o projeto Serra Leste prevê demandar 1.300 postos de trabalho diretos na etapa de implantação e mais de 1.000 na etapa de operação. As informações constam do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), encomendado pela Vale à consultoria Amplo e ao qual a Assopem teve acesso.
Para implantação do projeto, estão previstas uma série de ampliações das estruturas existentes e a abertura de novas estruturas ? novas cavas para extração de minério, novas pilhas de disposição de estéril e nova usina de beneficiamento, bem como adequação e ampliação das estruturas de apoio existentes. O Serra Leste consiste na extração e beneficiamento de minério de ferro à umidade natural, o que descarta a necessidade de uso expressivo de água e a implantação de barragens. O escoamento da produção adicional será pela Estrada de Ferro Carajás (EFC).
VAGAS PARA ENGENHEIROS
Em números, de acordo com o texto de 98 folhas do Rima, a etapa da ampliação de Serra Leste demandará a contratação de 1363 trabalhadores, entre mão de obra própria da Vale (1.089 trabalhadores) e terceirizada (274 trabalhadores). Desse volume, 85% farão parte do quadro de operários da construção civil e da montagem eletromecânica.
Serão recrutados, assim, serventes, pedreiros, ajudantes, armadores, carpinteiros, encarregados, bombeiros hidráulicos, encanadores, eletricistas, mecânicos montadores, maçariqueiros, marteleiros, motoristas de veículos leves e pesados, operadores de equipamentos, soldadores, entre outros, aponta o relatório.
O restante serão engenheiros (civil, mecânico, eletricista) e técnicos (de segurança do trabalho, meio ambiente, técnico em edificações e estradas, entre outros). Para a operação, a previsão é de dobrar o número atual de engenheiros. A intenção da Vale é contratar o maior número possível de trabalhadores da implantação no município de Curionópolis e municípios vizinhos, “visando ao aproveitamento e incorporação da mão de obra disponível na região”, descreve a consultoria Amplo, sem, entretanto, fazer alusão às especificidades das contratações para a operação.
Mais de R$ 15 milhões em royalties
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que em 2016 a Serra Leste produziu para exportações 4,5 Mt de minério de ferro (75% da capacidade nominal), que renderam quase 139 milhões de dólares à Vale. Já o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) revela que minério de ferro do projeto gerou R$ 6,43 milhões em royalties de mineração ao poder público.
Este ano, Serra Leste já rendeu 2,3 Mt entre janeiro e julho, movimentando quase 120 milhões de dólares em exportações e gerando R$ 6 milhões em royalties. Desde que começou a operar, Serra Leste já possibilitou aos governos federal, estadual e municipal mais de R$ 15 milhões em royalties.
No atual ritmo de produção, a mina, que começou a ser explorada em 2014, será exaurida em 2059, de acordo com “Relatório Anual 2016”, da Vale, publicado este ano. Com a ampliação, a vida útil cai para 11 anos, pela lavra global de 107 Mt de minério de ferro, conforme aponta o Rima.
Para a Vale, são evidentes as vantagens socioeconômicas de se desenvolver a ampliação de Serra Leste, “que é um empreendimento de porte representativo para o contexto municipal e regional”. O Rima alerta para o fato de que a atual reserva autorizada para lavra tende a cessar em 2017 e que, caso o empreendimento não seja viabilizado, “é previsto um acirramento do atual quadro de crise econômica caracterizado no país devido à diminuição da oferta de empregos e à diminuição da necessidade do comércio e dos serviços”.
‘ALFINETADA’ EM PARAUAPEBAS
Apesar de técnico, o Rima de Serra Leste é bastante positivo no sentido de abrir os olhos de prefeituras e gestores para o fato da dependência da mineração, sem que sejam criadas condições estruturantes e alternativas para que os municípios sobrevivam quando os recursos minerais, esgotáveis, forem exauridos.
Na página 82, o relatório chama atenção em poucas linhas para o grau elevado de atrelamento das finanças municipais e do desenvolvimento social à atividade da indústria extrativa de projetos como Serra Leste. “Caso se opte pela não implantação do Projeto Serra Leste 10 Mtpa, fato que conduz à admissão do encerramento das operações da Mina Serra Leste, o cenário atualmente de declínio das condições sociais e econômicas, tenderá a acentuar visto a limitada possibilidade de encontrar novas vocações municipais que possam suprir o encerramento da atividade de mineração, principalmente no contexto do município de Parauapebas”. (André Santos)