O Coletivo AfroRaiz voltou na semana passada, concluindo sua turnê europeia do espetáculo Rio Voador em Frankfurt, Alemanha, no IX Fórum da Aliança Mundial pela Arte Educação. A turnê de dois meses é a culminância de onze anos de formação artística e eco-pedagógica do projeto Rios de Encontro, da comunidade Cabelo Seco, que defende a Amazônia através das artes e afirma o projeto ‘Bem Viver’ como proposta mundial alternativa para futuros sustentáveis.
Camylla Alves, 23 anos, dançarina e fundadora da Cia de Dança AfroMundi diz que, olhando para os dois meses de intensas atividades na Europa, ela reflete a visita na Escola Europeia em Bruxelas lhe marcou muito, tanto pela motivação política quanto pela inteligência socioambiental que inspiraram na roda final de três apresentações. “Mais de 2000 lideranças futuras, todos filhos de deputados do Parlamento Europeu ou institutos socioambientais, ficaram tocados por nossa experiência autêntica da Amazônia, e pelo poder de dança e percussão estimular múltiplas interpretações abertas, sem direcionamento”.
Ela continua dizendo que a uma oficina realizada para alunos portugueses (e afro-descendentes de Guine Bissau, Angola, Moçambique e Cabo Verde) tornou-se uma profunda convivência de descolonização. “Bisnetos dos escravizados e sobreviventes de genocídio, ensinando dança e percussão afro-indígenas para bisnetos dos colonizadores. Não usamos Português. Encantamos, sensibilizamos e cicatrizamos”, conta.
Leia mais:O jovem Rerivaldo Mendes, 23 anos, percussionista e coordenador do projeto Rabetas Vídeos, relembra que os dez dias que passaram em Wroclaw, na Polônia, foram importantes para construção de uma experiência única de integração cultural. “Jovens de Palestina, Espanha, Polônia e Brasil, incluindo vários com necessidades especiais, contribuíram em cenas para um espetáculo Pela Terra de 40 minutos, inspirado por nossa presença e o atual colapso climático. Vivemos a diversidade e comunicamos através das artes, aprendendo coreografias, músicas e cenas da vida de cada cultura”, disse ele.
AfroRaiz apresentou-se em Hamburgo e numa vila rural, Haldemuhle, na Alemanha, antes de abrir um fórum internacional da Aliança Mundial pela Arte Educação, em Frankfurt. “Os jovens do Cabelo Seco inspiraram lideranças das artes educação de 30 países pela excelência artística e maturidade intelectual. Mostram por que educação para todos deve ser enraizada nas artes e culturas populares”, celebra Dan Baron, co-fundador do Rios de Encontro.
Dan conclui que a apresentação final no fórum mundial mudou os debates sobre educação pela sustentabilidade. A plateia inteira dançou no final, quando a energia afro-indígena inundou o auditório e transformou espectador em ator coletivo. Reitores universitários, diretores de escolas e educadores comunitários admiraram em particular a roda final de perguntas para os jovens, porque revelou que cada integrante tem sua perspectiva lúcida própria, entende a força transformadora das artes na vida, e fala com autoridade sobre a Amazônia e por que o mundo precisa abraçar o bem viver, todo dia”.
Rios de Encontro apresentará Rio Voador no Festival Beleza Amazônica, entre 20 de novembro e 9 de dezembro. Mais informações com Manoela Souza (Whatsapp (91) 98847-8021)