Na sexta-feira, 20 de setembro, um grupo de membros da comunidade local, convocados pela Frente Verde Autônoma “Teko háw”, irão juntar-se para protestar contra as políticas ambientais e contra o agronegócio predatório que resultou no incremento recente de incêndios na Amazônia.
“Acreditamos ser vital expor a situação das políticas ambientais, que se tornaram, na verdade, políticas de morte”, disse uma das organizadoras do protesto. “O que queima hoje na Amazônia é o latifúndio, a disputa por terras, o lucro. Nada disso será tocado por nenhum governo, seja ele eleito ou imposto”.
As queimadas na Amazônia brasileira aumentaram 82% em 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). “A população marabaense já conhece há tempos os resultados catastróficos dessas queimadas na forma dessa fumaça que nos recobre todos os anos entre Agosto e Novembro, mas parece que o resto do Brasil acordou para o problema quando a fumaça atingiu São Paulo”, disse um organizador do protesto.
Leia mais:Uma fumaça de detritos, causada pelos focos de incêndio florestal na região amazônica, encobriu cidades do estado de São Paulo, fazendo “o dia virar noite” às 15 h da tarde do dia 19 de Agosto. “Estamos cientes de que esses problemas não são somente locais – no mês de Agosto, na Islândia, alguns manifestantes realizaram o primeiro funeral – com lápide e tudo! – para uma geleira declarada morta que desapareceu devido ao aquecimento global causado pelo homem”.
Ainda que as queimadas sejam uma forma de limpar os pastos para o plantio nessa época do ano, analistas apontam para o aumento desenfreado no último ano como um sinal de incertezas econômicas ligadas ao preço de matérias-primas do agronegócio, como soja ou carne de gado, ou a uma corrida para compra de terras. “Se nem todos os incêndios estão relacionados ao desmatamento, está claro que os satélites indicam uma enorme expansão do desflorestamento na Amazônia, e isso tudo é parte da relação entre as políticas de morte de Jair Bolsonaro e sua base na bancada BBB”, diz outro organizador do protesto, em referência ao termo usado para referir-se conjuntamente à bancada armamentista (“da bala”), bancada ruralista (“do boi”) e à bancada evangélica (“da bíblia”) no Congresso Nacional.
Como resultado, houve uma reação da política internacional à política ambiental de Jair Bolsonaro, com manifestações de países do G7 pedindo atenção à questão. No dia 04 de setembro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com apoio de outras entidades, organizaram um dia de luta em defesa da Amazônia. Em Marabá, o ato foi convocado para sair na Vila do Espírito Santo.
Dessa vez, entretanto, a estratégia será diferente. Os organizadores estão propondo um “die-in”, uma forma de performance de protesto direta e altamente anti-natural, com uma imagética devastadora: os manifestantes, ao fingirem estar morrendo, ilustram o impacto humano real das políticas ambientais. Essa tática já foi utilizada por diversos grupos no mundo inteiro, incluindo o Extinction Rebellion, que têm agitado o cenário ambientalista internacional.
Em Marabá, o “die-in” está previsto para ocorrer no dia 20 de Setembro, às 17 hs, na Praça São Félix de Valouis, na Marabá Pioneira. A Greve climática é uma campanha da Frente Verde Autônoma “Teko háw” e do Coletivo Planètes. (Divulgação)