Alunos, professores e equipe gestora da Escola Evandro dos Santos Viana, localizada no Núcleo São Félix, celebram o lançamento de uma revista que expressa o novo momento daquela instituição, focada na leitura e produção textual.
A ideia nasceu com o professor Ricardo Fernandes Inácio, da disciplina de Língua Portuguesa, que conta que na sala de aula percebeu que os alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental se mostravam muito negativos na hora da produção do texto, sem entender que o produto final tinha a finalidade de comunicação. “Quando temos a aula tradicional, parece que o trabalho fica preso, como se a única intenção fosse para o professor passar vista, o que não é verdade”, pondera.
Ricardo, então, lançou a sugestão para criação de um meio de comunicação para que os estudantes pudessem propagar suas ideias. No primeiro momento, ele lançou um jornal, o que foi aprovado pela gestão da escola. “Mas quando produzimos o material, percebi que a expectativa e a elaboração teriam outro caráter, porque estavam presentes características de uma revista. Os alunos aceitaram o desafio e estamos aí com esse produto final, que está motivando toda a comunidade escolar”, avalia.
Leia mais:Mas o conteúdo da revista contemplou também uma turma do Jardim II, na Educação Infantil. Há um espaço com a história do boi-bumbá, que foi verbalizada pelos alunos e transcrita pela professora.
O professor explica que a revista contém 35 páginas e textos em vários gêneros e representa a identidade de toda a escola. Os alunos, confessa, capricharam na caligrafia porque eles sabiam que os textos seriam publicados com suas letras e deveriam ficar dentro dos moldes planejados.
A partir de agora, segundo o professor, serão criados blogs, fanpage e um grupo de Whatsapp com diversos participantes para divulgar ainda mais os trabalhos produzidos. “A gente percebe o engajamento dos demais professores neste projeto, o que nos fortalece, porque queremos envolvimento de todos para que alcancemos um bom nível de produção textual e artístico”, diz Ricardo Fernandes.
Até o final deste ano, segundo ele, a intenção é lançar uma segunda edição e com impressão dentro da própria escola, já que desta vez eles necessitaram de ajuda da Secretaria Municipal de Educação. “Ganhamos uma impressora da SEMED e agora vamos imprimir nosso próprio material”, comemora.
EM BUSCA DO IDEB PERDIDO
A diretora da Escola, Ataydes Marques da Silva, que está à frente da Evandro Viana desde março de 2018, atesta que o projeto da revista na escola está sendo um sucesso e é considerado a cereja do bolo de um projeto maior, denominado de “Livro Fora da Estante”, que busca intensificar a leitura e escrita entre os alunos de todos os níveis para recuperar a nota no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que caiu na última divulgação por parte do Ministério da Educação.
Ataydes observa que havia uma barreira entre a comunidade e a escola e desta como a Secretaria de Educação. “Mas essas duas relações estão mais estreitas agora e trabalhamos em parceria. Antes, eu tinha medo de participar das Horas Pedagógicas internamente, apenas entre os professores, mas agora o clima é outro, de harmonia”, alegra-se ela.
A Escola Evandro Viana conta, atualmente, com 757 alunos estudando nos turnos da manhã e tarde. Eles são oriundos de vários bairros, como São Félix, Francolândia, Novo Progresso, Residencial Tiradentes, Morada Nova e até de uma comunidade rural entre Marabá e Nova Ipixuna.
A coordenadora pedagógica Helceny Nunes Ferreira lembra que, quando chegou à escola, em 2014, era professora do terceiro ano do fundamental e seis meses depois foi convidada a trabalhar na função atual. “Esse projeto veio mexer com nossos alunos e motivá-los, assim como os professores. Nossa meta é que consigamos entre 90% a 95% dos estudantes lendo e produzindo seus próprios textos”, ressalta Helceny.
REFORÇO QUE VEM DO TAPIRI
Os educadores da Escola Evandro Viana estão levando o projeto de crescimento nos indicadores tão a sério que o tapiri que fica no fundo da escola se transformou numa sala de aula de reforço escolar. Seja no contra-turno ou durante as aulas mesmo, os alunos que têm mais dificuldades ficam aos cuidados da diretora, coordenadora pedagógica ou outro profissional da escola, que dão atenção especial para as deficiências dos alunos nestas duas habilidades. “Não sentimos vergonha de revelar que temos alunos no 6º ano e até 7º ano que não sabem ler e nem interpretar texto. Então, temos de correr contra o tempo e ajudá-los, e não apenas ficar reclamando e cobrando”, pondera a diretora Ataydes.
A leitura tornou-se uma bandeira defendida pela escola e eles fazem reuniões periódicas com os pais e cobram que estes acompanhem a leitura dos filhos, que têm metas de livros para ler a cada unidade letiva.
( Ulisses Pompeu)