Moradores da Vila Palmares II interditam desde a madrugada de hoje, segunda-feira, 29, a Rodovia Faruk Salmen, fechando o acesso à comunidade e também à Estação Ferroviária da Mineradora Vale. Eles cobram ações do governo municipal para melhorar as condições de infraestrutura da vila, como pavimentação de ruas, que estão em estado precário, conclusão da reforma da Escola Crescendo na Prática e melhorias na saúde.
Os manifestantes bloquearam a estrada por volta de 2h30. Eles só estão deixando passar pelo local moradores da vila e ambulâncias. Veículos da mineradora Vale e de órgãos do município estão sendo impedidos de passar.
A manifestação, segundo os moradores, não tem hora para acabar. Eles pedem a presença do prefeito e dos secretários de Obras, Saúde, Educação e de Produção Rural. “A gente quer que eles venham aqui e negociem no meio do povo. Não vamos à prefeitura. Tudo terá que ser discutido com a comunidade”, informou Raimundo Abreu Martins, um dos líderes do movimento.
Leia mais:Ele argumenta que a população decidiu radicalizar porque a situação está crítica. “Não tem mais como ficar aguardando por melhorias que nunca chegam. Por isso, decidimos nos unir e protestar e vamos ficar aqui o tempo que for preciso. Não temos prazo para sair daqui”, avisou.
Raimundo destaca que a obra de pavimentação asfáltica iniciada foi paralisada e muitas ruas estão intrafegáveis por conta dos buracos abertos para fazer a drenagem das vias. Além, disso, na Rua 26 de Junho, os buracos abertos acumularam água de esgoto e a fedentina agora é insuportável.
“Nossa situação chegou ao limite. Não tem mais como ficarmos parados, com as condições em que estamos vivendo. O calo já estourou no nosso pé”, diz.
Quanto à escola, Raimundo observa que as obras da reforma também estão seguindo em ritmo lento. As aulas estão previstas para começarem nesta quinta, 1º de agosto, mas ele diz que será impossível concluir até lá.
“A escola está destelhada e, pelo que fomos informados pela empresa que está fazendo a obra, não será possível concluir até o início das aulas. Ou seja, a prefeitura teve o período de férias inteiro para fazer a reforma e não fez. Agora, quem será prejudicado serão os alunos”, frisou Raimundo, ressaltando que a escola atende ao ensino fundamental e médio.
Outra reivindicação é quanto à saúde. De acordo com Raimundo Abreu, antes era realizada a coleta para exames básicos no local, agora eles precisam vir até a cidade para fazer o procedimento. “A gente tem que sair daqui de madrugada para tentar conseguir uma ficha nos postos de Parauapebas fazer o exame. Isso é um absurdo”, ressaltou.
Morando há 10 anos na Vila Palmares II, Maria da Conceição relata as dificuldades que enfrenta no local, por falta de manutenção e pavimentação das ruas. “No inverno a gente vive na lama e no verão a gente come poeira”, protesta.
A moradora disse estar ainda mais indignada porque a pavimentação asfáltica que a prefeitura está realizando na vila não vai chegar até sua casa, porque o seu imóvel já estaria fora do limite do que é considerado área urbana. “Não dá 100 metros para minha casa. Quer dizer que quem mora no que eles chamam de área rural não tem direito a asfalto, mas quando é para pedir nosso voto estão aqui, batendo na nossa porta. Custava estender a obra mais um pouquinho para nos atender. Somos gente também”, criticou a moradora, que mora na Rua São Luiz.
A rua está sendo beneficiada com pavimentação asfáltica, mas até o limite identificado como urbano. O resto da via, já em área rural, não vai ser beneficiada, segundo a moradora.
“Foi a empresa que está realizando a obra que nos informou que nosso trecho não vai ser asfaltado porque já está na área rural. Vamos ficar só no cheiro do asfalto”, ironizou.
A prefeitura de Parauapebas ainda se manifestou sobre o protesto dos moradores. Até por volta de 8h30 ainda não tinha aparecido ninguém do governo no local para negociar com os moradores. A interdição já causa engarrafamento na Faruk Salmen. (Tina Santos – com informações de Ronaldo Modesto)