O traficante de drogas mexicano Joaquín “Chapo” Guzmán, conhecido como “El Chapo”, foi sentenciado nesta quarta-feira (17) à prisão perpétua, mais 30 anos, por um tribunal federal em Nova York, nos Estados Unidos. Ele ainda pode recorrer da sentença, segundo o “The New York Times”.
Além da prisão perpétua, Chapo também foi sentenciado a entregar US$ 12,6 bilhões (R$ 47,4 bilhões), disseram os procuradores.
Chapo também declarou que um julgamento justo lhe tinha sido negado.
Leia mais:A expectativa, segundo a imprensa americana, é de que ele cumpra a sentença na Instalação Máxima Administrativa Penitenciária dos Estados Unidos, no Colorado, que é conhecida como ADX, a mais restritiva no país.
“É justiça não só para o governo mexicano, mas para todas as vítimas de Guzmán [Chapo] no México”, disse Raymond P. Donovan, agente encarregado do escritório de Nova York da Administração de Repressão às Drogas, que teve papel fundamental em duas prisões do traficante, segundo o “The New York Times”.
O traficante foi preso em 2016 e extraditado do México para os EUA em 2017, e desde então ficou praticamente isolado do mundo exterior, em prisão solitária, por ter um histórico de fugas de cadeias mexicanas.
O veredito desta quarta-feira atende ao pedido feito pelos procuradores, que, além da prisão perpétua pelos crimes relacionados ao tráfico, tinham pleiteado mais 30 anos de prisão para o mexicano pelo uso de armas de fogo. Chapo é um dos fundadores do cartel de Sinaloa, considerado o maior do mundo.
Chapo, de 62 anos, foi condenado em fevereiro, quando um júri o declarou culpado de dez acusações, incluindo traficar ou tentar traficar mais de 1.250 toneladas de drogas aos Estados Unidos, principalmente cocaína.
Ele também foi condenado por conspiração — para lavagem de dinheiro e tráfico de drogas —, uso de armas de fogo e por liderar empreendimento criminoso. Esta última condenação inclui 26 violações relacionadas a drogas e uma conspiração para assassinato.
Além disso, afirmaram os procuradores, seu “exército de sicários” — termo usado em cartéis latinoamericanos para matadores de aluguel — tinha ordens de ordens de sequestrar, torturar e assassinar qualquer um que ficasse em seu caminho.
Acusações
O julgamento durou 11 semanas, e a identidade dos jurados foi mantida em segredo. A acusação baseou-se, principalmente, em depoimentos de testemunhas. Os jurados ouviram 200 horas de declarações de 56 testemunhas, incluindo 14 testemunhas cooperantes, em sua maioria traficantes e sócios no cartel de Sinaloa.
Um ex-matador de Chapo, Isaías “Memín” Valdez Ríos, garantiu que viu o próprio chefe torturar e executar três traficantes rivais. Um deles foi enterrado vivo depois de ser baleado pelo líder criminoso, outros dois foram espancados a pauladas antes de serem executados e lançados numa fogueira.
A procuradoria garante que el Chapo mandou matar ou torturou e assassinou com as próprias mãos pelo menos 26 pessoas ou grupos de pessoas.
Além de cocaína, o mexicano também levava heroína, metanfetamina e maconha para os EUA.
Dois ex-sócios do Chapo contaram como subornaram com milhões de dólares em dinheiro funcionários do alto escalão do governo mexicano para encontrar rivais, expandir o negócio e fugir das autoridades, bem como da polícia judiciária, federal e municipal, militares e até da Interpol.
Segundo outro depoimento, o narcotraficante drogava e estuprava meninas de apenas 13 anos porque achava que fazer sexo com garotas tão jovens fazia bem para sua saúde.
Durante o julgamento, o caso da defesa durou apenas meia hora, quando os advogados afirmaram que as testemunhas eram apenas mentirosos tentando reduzir as próprias sentenças. O próprio Chapo não argumentou em defesa própria.
Negócio aos 15 anos
Joaquín Archivaldo Guzmán Loera nasceu em 4 de abril de 1957 em uma família humilde em La Tuna, pequeno povoado rural de Badiraguato, no pobre e violento estado mexicano de Sinaloa. O apelido “El Chapo” significa “o baixinho”, em português.