Já faz algum tempo que comerciantes estabelecidos na área da VP-8, principal artéria do comércio da Nova Marabá, vêm sofrendo com os constantes arrombamentos que, via de regra, acontecem sempre durante a madrugada, quando praticamente não há movimento no setor. Farmácias, ótica, igreja, revendedora de carros, loja de presentes e até mesmo a agência dos Correios… nada escapa da sanha dos arrombadores, que causam não apenas prejuízos financeiros para os empreendedores, mas também instalam um clima de insegurança.
Entre os comerciantes que vivem essa insegurança está Cildo Rodrigues, que mantém um negócio na área de comunicação visual na Folha 27. Para ele, falta policiamento ostensivo durante a noite e madrugada. “Aqui é uma avenida bem movimentada, uma das principais”, observa, ao acrescentar que terrenos baldios e prédios abandonados contribuem também para a proliferação da criminalidade.
Segundo ele, isso ocorre porque marginais usam drogas nesses locais ermos e depois saem para roubar ou mesmo para depredar o patrimônio alheio apenas pelo prazer de vandalizar, como ocorreu recentemente com a fachada da empresa dele, que foi atingida a pedradas e quebrou um dos blocos de vidro da frente. “Tem um beco, que dá acesso a outra rua, que é um perigo”, explica.
Leia mais:Ainda de acordo com Cildo Rodrigues, o prejuízo dele não é só esse. Ele já teve de trocar o portão lateral do prédio e teve também a fiação furtada, o que obrigou a colocar a fiação embutida. Mas não foi só isso. O profissional conta que já foi até mesmo assaltado dentro de sua loja, ficando nas mãos de assaltantes em plena luz do dia.
O episódio fez com que ele mudasse algumas coisas, como o adesivo perfurado da fachada, que não permite quem está do lado de fora ver o que acontece na antessala da empresa, o que deixou os assaltantes bem à vontade. Aliás, nesse dia, os criminosos roubaram até uma caminhonete de um cliente.
Cildo observa ainda que ele não é a única vítima dos arrombadores. Uma farmácia que fica na esquina, a 40 metros da loja dele, também foi atacada por arrombadores. “Semana passada entraram na farmácia da esquina, quebraram o portão, levaram dinheiro e outras coisas de valor… A gente está se sentindo assim um pouco inseguro com o que está acontecendo”, reclama.
A situação é tão caótica que nem todos os comerciantes têm coragem de se expor – embora o momento exija. É o caso do proprietário de uma empresa que já foi vítima de arrombamento duas vezes de maneira inusitada: um arrombador entrou na empresa dele, furtou objetos de valor e dois dias depois o ladrão voltou ao local e furtou o vídeo onde estavam salvas as imagens do furto.
“No período da madrugada estão entrando nas lojas e arrombando, não estão se importando se tem alarme ou coisa parecida”, relata, acrescentando que a empresa dele tem grades, sistema de segurança e funciona em um prédio junto com outros empreendimentos comerciais, mas nada disso inibiu os bandidos. “Não tem ronda na madrugada porque está sempre acontecendo isso”, lamenta.
PREJUÍZOS PARA TODOS
Toda essa onda de insegurança gera prejuízos não apenas para os comerciantes, mas também para o consumidor, o contribuinte de forma geral. Em fevereiro deste ano, o grupo CORREIO divulgou, em matéria assinada pela jornalista Karine Sued, que a Folha 27 perdeu um correspondente bancário que funcionava em uma farmácia numa das áreas mais nobres da VP-8, por causa da violência.
O dono da empresa, Ildenir Alves da Costa, o popular Bigode, embora a farmácia dele fique a apenas 300 metros da prefeitura, o policiamento é escasso na área. “Fomos assaltados três vezes. Os bandidos vieram aqui e colocaram armas nas nossas cabeças. Renderam a mim, meus funcionários e os clientes. Tivemos que fechar por falta de segurança. Todos nós estávamos correndo um risco de morte muito grande”, declarou na época.
Sobre o assunto, o coronel Dayvid Sarah Lima, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), explicou que, conforme as informações sobre os crimes vão chegando conhecimento da PM, ele vai fazendo o desdobramento da tropa de reforço nas operações de saturação. Segundo ele, é importante que as pessoas – sempre que possível – possam fazer a denúncia no momento da ação para tentar a prisão em flagrante dos elementos.
Por outro lado, o oficial garantiu que o trabalho de policiamento ostensivo vem sendo feito normalmente. “As viaturas continuam nas rondas normalmente dentro dos seus setores e subsetores para fazer esse tipo de fiscalização”, assegurou o coronel.
Especialista em segurança dá dicas importantes
Ouvido pela reportagem do CORREIO, Alexsandro Mingote, gerente operacional de uma grande empresa de segurança privada em Marabá, observa que os clientes muitas vezes não repassam todas as informações para a empresa de segurança no momento de contar um serviço de monitoramento, o que dificulta a instalação de um sistema mais eficaz. “Se ele não contar o histórico para o consultor, possivelmente ele vai fazer um sistema de segurança que provavelmente terá falhas”, alerta.
E não é só isso. Ainda de acordo com Mingote, o sistema de alarme não impedirá a intrusão, mas alertará que há um crime em andamento, de modo que o tempo de resposta é primordial nesse caso. “A comunicação entre a empresa e o consumidor tem que ser imediata e de prioridade máxima”, reforça.
Ainda segundo o profissional, o ideal é que se tenha sistema de alarme e câmeras de segurança, de preferência com tecnologia digital, cuja imagem é boa mesmo no uso noturno, que é quando mais se precisa da imagem, para identificar rostos ou placas e modelos de veículos.
Outro ponto importante é que as gravações de filmagens sejam feitas na nuvem e não apenas no dispositivo físico, pois é mais fácil furtar o DVR, mas a imagem salva em nuvens está segura e também é de fácil visualização.
Por fim, Mingote explica o que o ideal é comprar todos esses equipamentos e contratar uma empresa para gerencia-lo, pois é difícil o próprio cliente administrar o sistema com a perfeição que uma empresa especializada. Em média, o valor pago por essa prestação de serviço varia entre R$ 300 e R$ 500 mensais, dependendo do tipo de serviço contratado e dos produtos existentes na empresa vigiada.
(Chagas Filho com informações de Josseli Carvalho)