Correio de Carajás

Especial Mães: A gente é mãe uma da outra

Virgínia Borges Maia Rocha tem 79 anos de idade. Nasceu em Tocantinópolis, quando ainda era Goiás, e veio para Marabá adolescente, a bordo de um motor, em 1956. O pai, Liberalino Maia, foi autodidata dedicado à pesquisa sobre a história de Marabá e que não recebeu o prestígio que merecia na história do município.

Aqui, ela casou-se com Desdedith Alves Rocha e tiveram três filhos: Hildete, Desdedith Júnior e Isabel Cristina Maia Rocha. Acompanhada de perto pelas filhas durante a entrevista, Virgínia não ficou nenhum pouco temerosa em dizer que o filho não deu trabalho, mas que as filhas eram mais “danadas”. Chegou a ser repreendida por elas, é verdade, mas manteve seu posicionamento firme.

Isabel Cristina não fica atrás. Diz que, atualmente, a mãe é um pouco “teimosinha”, mas que, curiosamente, não dá trabalho. A filha gosta

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“Ela é teimosinha, é verdade. Eu sou um pouco perfeccionista, gosto de tudo arrumadinho. Eu sou um pouco perfeccionista, gosto de tudo arrumadinho. Já ela ama crochê e bordado, só não gosto de cozinhar e de limpeza de casa”.

Isabel trabalha no Hospital Municipal, mas quando está em casa gosta muito de trabalhar em manter os ambientes bem organizados. “Não há estresse entre nós duas e não lembro de já ter gritado com minha mãe. Nunca fui de responder, porque sou do tempo em que bastava a mãe ou pai olhar de forma diferente pra gente se tocar e respeitar”.

Isabel também se orgulha em saber que a mãe não apresenta nenhum problema de saúde aparente, o que nesta idade é uma grande vantagem.

Virgínia retoma a palavra e destaca que mesmo sem gostar de cozinhar, sempre prepara a comida para as duas. “Eu só não sou chegada estar na cozinha. Inclusive, minhas filhas costumam dizer que não cozinho muito bem. Mas quando elas eram pequenas, gostavam muito”.

Já Isabel justifica-se e diz que não gosta de empurrar o ofício de cozinhar para a mãe e antes de sair para o trabalho deixa os alimentos bem encaminhados. “Nós temos uma casa muito grande na Nova Marabá e, por opção, meu filho foi morar fora para estudar. Resolvemos alugar nossa casa e fomos morar em um apartamento no Bairro Amapá, com dois quartos. É menor para organizar e isso facilita para mim.

A mãe, Virgínia, recorda que trabalhou na primeira turma do antigo Hospital do SESP, na Velha Marabá, como auxiliar de enfermagem, onde permaneceu por 16 anos. Depois, abandonou o ofício e foi viver da costura trabalhando para dona Fifi Ferreira, que produzia camisas refinadas para vários clientes, entre os quais João e Bibi Ferreira. Agora, diz, só faz roupas para as filhas.

IDAS E VINDAS

Em meio ao sorriso de um pouco de desaprovação das filhas, Virgínia diz que ainda costuma sair sozinha de casa para fazer pequenas compras no comércio. Mas é interrompida por Isabel Cristina de pronto: “Mas desde que ela fez 60 anos de idade que não gostava que ela e meu pai saíssem sozinhos para consultas e exames médicos. Quando não posso ir, peço para minha irmã. Isso é importante para mim e para ela também”, sustenta.

Isso se intensificou há cinco anos, desde que Desdedith faleceu. Atualmente, a filha ainda deixa a mãe ir à Casa Lotérica resolver alguma pendência, mas tenta deixá-la lá antes de ir para o trabalho. (Ulisses Pompeu)