Há seis dias, na última sexta-feira (8), começou o tormento dos familiares de João Pedro Souza Curvina, de 20 anos, quando ele desapareceu de casa e, posteriormente, souberam da morte dele por meio de um vídeo divulgado e compartilhado em redes sociais, no qual João aparecia sendo executado a tiros.
Desde então, com a certeza de que ele estava morto, os familiares começaram as buscas pelo corpo. Na segunda-feira (11) outro vídeo apontou onde o cadáver poderia ser encontrado depois que pescadores filmaram um corpo descendo o Rio Tocantins.
Apesar de mais próxima do fim da saga, a família ainda precisou esperar até a noite de ontem, quarta-feira (13) para ter certeza sobre a identificação do corpo, quando este foi retirado da água pelo Corpo de Bombeiros, após ser encontrado próximo à Praia do Meio, já em Itupiranga.
Leia mais:Acontece que hoje, quinta-feira (14), já próximo de meio-dia, a família ainda não conseguiu descansar do tormento, uma vez que não há médico no Instituto Médico Legal (IML) para fazer a liberação do corpo.
Um irmão dele, que pediu para ter a identificação preservada em decorrência da violência investida na morte da vítima, conversou com a Reportagem do Portal Correio. Para ele, a esta altura, não se espera nem mesmo justiça, apenas descanso. “Não queremos mais nem saber quem fez isso, só queremos enterrar meu irmão”.
Ele diz que o corpo chegou em Marabá por volta das 22h30 de ontem e, no IML, os familiares foram informados que só haveria atendimento na manhã seguinte, hoje, a partir das 8, mas até agora não foi feito o exame de necropsia.
“Tem seis dias dentro da água e já vamos levar direto para o cemitério, já não teremos velório, e ainda com esse transtorno temos que ficar esperando o médico que até agora não chegou. Desde sexta vemos o quanto é complicado para a população pobre de Marabá depender do Poder Público”, diz.
Ele lamenta, ainda, acompanhar o sofrimento da mãe da vítima. “É muito difícil ver o sofrimento da minha mãe que só quer enterrar o filho dela, só isso”. Conforme o irmão, João Pedro saiu de casa na sexta informando apenas que encontraria alguns amigos, mas não retornou. “Desde então está sendo uma agonia muito grande pra gente”.
Ao Portal CORREIO, o gerente do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, responsável pelo IML, informou nesta manhã ter sido nomeado para o cargo no último mês e encontrado a situação crítica em relação ao atendimento médico.
“Como há decreto do governador de que toda contratação tem que ser por concurso ou processo seletivo, estamos aguardando este último que já foi aprovado. Possivelmente na terça o edital deva sair. Enquanto isso não vamos ter muito o que fazer em relação à contratação”.
Ele explica que o IML possui hoje quatro médicos, sendo três efetivos e um contratado. Para agravar o quadro um deles está em férias. “Realmente estamos com a escala bastante defasada e hoje, por exemplo, temos atendimento apenas a partir das 19 horas. Ainda assim, o médico de férias se prontificou a vir para resolver essa situação especifica”, finalizou. (Luciana Marschall – com informações de Evangelista Rocha e Elson Gomes)