Embora as chuvas em Marabá tenham dado uma trégua e a régua do Rio Tocantins, que por pouco não bate os 12 metros acima da condição de alerta, esteja indicando queda gradual no nível da água, por recomendação da Defesa Civil as famílias afetadas pela enchentes devem permanecer nos abrigos da Prefeitura espalhados pela cidade, uma vez que o período chuvoso e o risco de novas inundações deve persistir enquanto durar o inverno amazônico.
#ANUNCIO
Muitos dos desabrigados, porém, estão reclamando que a estada prolongada nos abrigos tem causado algumas dificuldades atribuídas ao fato de que muitas famílias acabaram sendo alocadas para lugares distantes de onde residem, com isso muitas crianças e adolescentes deixaram de ir à escola.
Leia mais:Em visita a dois desses abrigos, localizados no Ginásio da Obra Kolping e na Colônia Z-30, respectivamente, a Reportagem do Correio constatou, além da falta de transporte escolar para transportar os filhos das famílias desabrigadas, a falta de segurança e outras mazelas. “Meus cinco filhos não estão estudando. Eu moro na folha 33 e, todos estudam lá, só que não temos como levá-los todo dia para a escola. Eu já estou agoniada querendo voltar para minha casa”, lamenta Maria da Silva, 44 anos.
Beneficiária do Bolsa Família, ela afirma que a Secretaria de Educação esteve no abrigo fazendo um levantamento do número de crianças no local. “Eles sabem que aqui muita criança estuda. Chegaram a falar que quando voltarmos para casa, os professores vão entender. Será que a escola vai voltar as matérias perdidas? Eu acho que não”, desconfia Maria, que está com seus filhos longe da sala de aula há quase um mês.
Sem escolha, muitas das crianças abrigadas no Ginásio, inventam atividades para passar o tempo. “Eles brincam aqui no abrigo mesmo de bola, casinha ou então passam o dia assistindo televisão, porque não estão indo à escola”, relata Maria.
Em nota a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informa que após um levantamento, foi identificado no Ginásio da Obra Kolping que crianças estavam fora de sala de aula e, que as mesmas foram encaminhadas à participarem das aulas de suas respectivas séries na Escola Paulo Freire. “Não podemos garantir se os pais estão, de fato, encaminhando os filhos para a escola, como ficou definido”, diz o comunicado.
Outro ponto que vem preocupando os desabrigados é a questão da saúde. Muita gente está doente, com febre, diarreia e dor de cabeça. “Vem enfermeira aqui, mede nossa pressão, faz consulta e diz para irmos ao posto de saúde buscar o remédio. Chegando lá, nunca tem. Por que eles não trazem logo os remédios quando vierem para consultar a gente? Não temos dinheiro para comprar”, desabafa, indignada, Juliete Silva, de 28 anos.
Insalubre
Basta olhar em volta para ver que a situação não é fácil para os desabrigados. No ginásio, a equipe do Correio presenciou uma forte fumaça no local. É que, devido à falta de gás de cozinha na maior parte das barracas, muitas famílias são forçadas a cozinhar usando a madeira que catam perto dos abrigos.
“Muita gente está com problemas respiratórios, mas a gente entende. Não adianta brigar, estamos todos no mesmo buraco”, resigna-se Juliete, que já presenciou várias vezes confusões porque alguns moradores incomodados com a fumaça pedem para apagar o fogo. “Eu só tenho um botijão porque a minha sogra me emprestou. Quando vim para o abrigo, minha casa na Folha 33 foi arrombada pela bandidagem do bairro e levaram o pouco que eu tinha”, lembra Juliete, com pesar.
Famílias reclamam de maior presença do poder público nos abrigos
De acordo com os desabrigados do ginásio, o vice-prefeito Toni Cunha, esteve no local semanas atrás e, prometeu que entregaria gás de cozinha a eles. “Ele disse que quem perdeu ou quem não tinha botijão a Prefeitura iria doar. Ele só veio aqui um dia e desapareceu”, disseram.
Semana passada, a Defesa Civil juntamente com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Seasp), através do Ministério da Integração, fizeram a doação de mil cestas básicas, colchões e água mineral aos desabrigados do município.
Algumas famílias da colônia Z30 visitadas pelo Correio fizeram críticas sobre a falta de atendimento por parte do governo municipal, inclusive em relação a segurança. Jairo Milhomem, responsável da Defesa Civil, em Marabá, informou que as famílias que não receberam donativos, precisam procurar a Defesa Civil ou a Seasp, para cadastramento.
“Recebemos apenas mil cestas básicas. Sabemos que existe um número maior de pessoas necessitadas. Elas precisam nos procurar, para fazer o cadastro, para que possamos dar o apoio necessário”, informa Milhomem.
Muitas das famílias visitadas pela equipe disseram que o que tem diminuído o sofrimento delas é ação de grupo de voluntários que praticamente todos os dias levam algum alento para elas. “Quase todo dia trazem comida, sopa, roupas. A população está de parabéns pela solidariedade que tem demonstrado nessa hora difícil que estamos passando, pois tem nos ajudado muito e nos olhado com carinho”, agradece uma das moradoras.
(Ana Bortoletto)
Embora as chuvas em Marabá tenham dado uma trégua e a régua do Rio Tocantins, que por pouco não bate os 12 metros acima da condição de alerta, esteja indicando queda gradual no nível da água, por recomendação da Defesa Civil as famílias afetadas pela enchentes devem permanecer nos abrigos da Prefeitura espalhados pela cidade, uma vez que o período chuvoso e o risco de novas inundações deve persistir enquanto durar o inverno amazônico.
#ANUNCIO
Muitos dos desabrigados, porém, estão reclamando que a estada prolongada nos abrigos tem causado algumas dificuldades atribuídas ao fato de que muitas famílias acabaram sendo alocadas para lugares distantes de onde residem, com isso muitas crianças e adolescentes deixaram de ir à escola.
Em visita a dois desses abrigos, localizados no Ginásio da Obra Kolping e na Colônia Z-30, respectivamente, a Reportagem do Correio constatou, além da falta de transporte escolar para transportar os filhos das famílias desabrigadas, a falta de segurança e outras mazelas. “Meus cinco filhos não estão estudando. Eu moro na folha 33 e, todos estudam lá, só que não temos como levá-los todo dia para a escola. Eu já estou agoniada querendo voltar para minha casa”, lamenta Maria da Silva, 44 anos.
Beneficiária do Bolsa Família, ela afirma que a Secretaria de Educação esteve no abrigo fazendo um levantamento do número de crianças no local. “Eles sabem que aqui muita criança estuda. Chegaram a falar que quando voltarmos para casa, os professores vão entender. Será que a escola vai voltar as matérias perdidas? Eu acho que não”, desconfia Maria, que está com seus filhos longe da sala de aula há quase um mês.
Sem escolha, muitas das crianças abrigadas no Ginásio, inventam atividades para passar o tempo. “Eles brincam aqui no abrigo mesmo de bola, casinha ou então passam o dia assistindo televisão, porque não estão indo à escola”, relata Maria.
Em nota a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informa que após um levantamento, foi identificado no Ginásio da Obra Kolping que crianças estavam fora de sala de aula e, que as mesmas foram encaminhadas à participarem das aulas de suas respectivas séries na Escola Paulo Freire. “Não podemos garantir se os pais estão, de fato, encaminhando os filhos para a escola, como ficou definido”, diz o comunicado.
Outro ponto que vem preocupando os desabrigados é a questão da saúde. Muita gente está doente, com febre, diarreia e dor de cabeça. “Vem enfermeira aqui, mede nossa pressão, faz consulta e diz para irmos ao posto de saúde buscar o remédio. Chegando lá, nunca tem. Por que eles não trazem logo os remédios quando vierem para consultar a gente? Não temos dinheiro para comprar”, desabafa, indignada, Juliete Silva, de 28 anos.
Insalubre
Basta olhar em volta para ver que a situação não é fácil para os desabrigados. No ginásio, a equipe do Correio presenciou uma forte fumaça no local. É que, devido à falta de gás de cozinha na maior parte das barracas, muitas famílias são forçadas a cozinhar usando a madeira que catam perto dos abrigos.
“Muita gente está com problemas respiratórios, mas a gente entende. Não adianta brigar, estamos todos no mesmo buraco”, resigna-se Juliete, que já presenciou várias vezes confusões porque alguns moradores incomodados com a fumaça pedem para apagar o fogo. “Eu só tenho um botijão porque a minha sogra me emprestou. Quando vim para o abrigo, minha casa na Folha 33 foi arrombada pela bandidagem do bairro e levaram o pouco que eu tinha”, lembra Juliete, com pesar.
Famílias reclamam de maior presença do poder público nos abrigos
De acordo com os desabrigados do ginásio, o vice-prefeito Toni Cunha, esteve no local semanas atrás e, prometeu que entregaria gás de cozinha a eles. “Ele disse que quem perdeu ou quem não tinha botijão a Prefeitura iria doar. Ele só veio aqui um dia e desapareceu”, disseram.
Semana passada, a Defesa Civil juntamente com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Seasp), através do Ministério da Integração, fizeram a doação de mil cestas básicas, colchões e água mineral aos desabrigados do município.
Algumas famílias da colônia Z30 visitadas pelo Correio fizeram críticas sobre a falta de atendimento por parte do governo municipal, inclusive em relação a segurança. Jairo Milhomem, responsável da Defesa Civil, em Marabá, informou que as famílias que não receberam donativos, precisam procurar a Defesa Civil ou a Seasp, para cadastramento.
“Recebemos apenas mil cestas básicas. Sabemos que existe um número maior de pessoas necessitadas. Elas precisam nos procurar, para fazer o cadastro, para que possamos dar o apoio necessário”, informa Milhomem.
Muitas das famílias visitadas pela equipe disseram que o que tem diminuído o sofrimento delas é ação de grupo de voluntários que praticamente todos os dias levam algum alento para elas. “Quase todo dia trazem comida, sopa, roupas. A população está de parabéns pela solidariedade que tem demonstrado nessa hora difícil que estamos passando, pois tem nos ajudado muito e nos olhado com carinho”, agradece uma das moradoras.
(Ana Bortoletto)