Uma obra da Prefeitura Municipal de Marabá, paralisada desde novembro, segundo moradores, está preocupando e deixando bastante irritado quem vive às margens de uma grota que corta o Bairro da Paz e recebe esgoto de várias manilhas do Núcleo Cidade Nova. Acontece, que a empresa CCB – Construtora Central Do Brasil iniciou o serviço de ampliar a vazão e não concluiu, dentre outras coisas, uma ponte que corta o canal, o que deixou a Rua Machado de Assis interditada.
Edneide Carvalho é uma das mais incomodadas pela situação, isso porque, com as chuvas que têm caído sobre Marabá, está havendo da desbarreiramento, o que coloca a residência dela em risco. A moradora garante que as obras estão paralisadas há mais de 30 dias. “A prestadora de serviço para a PMM iniciou a obra de uma ponte que deixou todo mundo sem livre acesso na rua, aí abandonou a obra. Alega que o pagamento foi bloqueado e já reclamei várias vezes direto com a empresa, no escritório deles. Não estão vendo a questão do problema”, relatou.
A casa dela está “bem na boca” da ponte, onde máquinas da construtora cavaram. “A moradia está a menos de um metro e meio de distância da vala, já esbarreirou demais! Não estão resolvendo meu problema e nem dos meus vizinhos das adjacências. Quero pedir providências”.
Edneide acrescenta que sequer se incomodou quando viu o tamanho da escavação, isso porque o prazo dado a ela de término da obra era de 60 dias, mas com a paralisação veio também a preocupação. “Era para estar pronta. Cavaram o que precisavam e não interferi mesmo sendo perto da minha residência, mas abandonaram há 30 dias e não voltaram mais para resolver nada”.
O pedreiro Sérgio Neves Pereira também afirma que os trabalhadores deixaram o local desde o meio de novembro. “Foi parada essa obra e não deram mais continuação. Quando pararam e começou a dar aquelas primeiras chuvas foi desbarreirando. Estamos com medo desse desbarreiramento chegar nas casas das pessoas”. Segundo a própria experiência, ele diz que caso tivessem continuado a construção faltaria apenas fazer o lajeado em cima. “É só botar os pré-moldados, jogar concreto e estava feito. Não passavam 20 dias pra fazer”.
MAU CHEIRO
Além da interrupção do tráfego e da preocupação com o desbarreiramento, outra questão atormenta quem vive às margens da grota: o mau cheiro. Neuridete Cavalcante mora o local há quatro anos e reclama do esgoto a céu aberto. “É algo que prejudica bastante a gente. Quando chove transborda. No verão ninguém aguenta o mau cheiro, nem sei qual a pior estação. Teve dias que as crianças não conseguiriam dormir porque dói a cabeça de tanto mau cheiro”.
Ela diz ter agradecido ao início da obra, mas agora já não está tão satisfeita mais. “Graças a Deus começaram a mexer na vala, mas aí pararam. Hoje mesmo choveu e a água desce forte e bem fedida. Quando desce o nível sobe o mau cheiro. Está prejudicando”. Em relação ao desbarreiramento, ela também demonstra aflição.
“Começou a desmoronar o barro. Gastamos bastante dinheiro pra aterrar a lateral no meu terreno e já desmoronou uma quantia. Ainda tô devendo isso”. Por fim, ainda mais grave, ela relata que há alguns dias uma criança caiu na vala. “Poderia morrer afogada, é forte a correnteza. Sorte que um menino pulou e tirou”.
O marceneiro Adalberto dos Santos Macedo, que mora às proximidades, reconhece que a obra é necessário e trará maior paz à comunidade, mas só se for concluída. “A obra foi coisa boa, mas o que está acontecendo de ruim é que a fossa vai toda para essa tubulação, aí enche até um certo limite e o mau cheiro de fezes à tarde aqui é insuportável. Isso não está descendo e tem hora que fica insuportável dentro de casa. A falta de conclusão do serviço é o que está nos trazendo problemas”, destaca.
POSICIONAMENTO
Procurada pelo Jornal Correio, a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Marabá alegou que a obra não está parada desde o dia 15 de novembro, “apenas foi suspensa na primeira semana de dezembro em função das chuvas, já que o serviço de drenagem só pode ser concluído com máquinas pesadas e elas não têm acesso a terreno instável”.
Acrescentou que a obra, na verdade, é um pontilhão que vai drenar a grota para que as casas do local não sejam alagadas. “Toda obra iniciada nesta gestão será concluída e são feitas para o benefício da população. Os transtornos são inevitáveis, em função de retirada de terra para instalação de drenagem, passagem de máquinas e outras condições inerentes a uma obra de grande porte. A gestão concluí toda a obra que inicia”, diz a nota. (Luciana Marschall, com informações de Josseli Carvalho)