Quase 57 quilos de cocaína foram apreendidos na tarde desta segunda-feira (10), em Goianésia do Pará, sudeste do Estado. A droga estava embalada em tabletes, escondidos em baixo do assoalho e do banco traseiro de uma caminhonete. A Mitsubishi L200 foi trazida para a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), em Belém, onde a labradora “Índia” farejou e alertou os policiais para os pontos do veículo onde estava escondido o entorpecente. Segundo o delegado Hennison Jacob, titular da Denarc, a cocaína apreendida está avaliada em mais de R$ 1,1 milhão. Dois homens foram presos e confessaram o crime.
Há aproximadamente um mês os policiais da Denarc receberam uma denúncia de que grandes quantidades de droga chegavam em um sítio de Castanhal, município do nordeste paraense, e de lá eram transportadas para Fortaleza (CE) em carretas. Teve início uma investigação que levou á identificação de algumas placas de veículos. Um dos carros era a L-200 (placa QDF-2144, de Novo Progresso), que passou a ser monitorado. A caminhonete saiu há dez dias da região metropolitana rumo ao estado do Mato Grosso, onde foi abastecido com os 57 tabletes de cocaína.
A equipe da Denarc seguiu para o sudeste do Estado e fez a abordagem do veículo por volta das 12h desta segunda-feira (10), à altura do município de Goianésia do Pará. “Não conseguimos identificar o entorpecente no local, até porque estava bem escondido. Então resolvemos trazer a L-200 para o prédio da Denarc, onde um cão farejador fez as buscas iniciais”, informou o delegado. A caminhonete chegou na capital por volta das 20 horas. A labradora “Índia”, do canil da Guarda Municipal, foi levada até a sede da Divisão e, durante a inspeção alertou para os dois locais onde, de fato, os tabletes foram encontrados.
Leia mais:Os policiais quebraram o assoalho da L200 e, dentro da estrutura encontraram 45 tabletes de cocaína. O segundo local apontado pela labradora foi o banco traseiro do veículo. Por baixo, também da estrutura, estava o restante da droga. Foram 57 “tijolos”, cada um pesando aproximadamente um quilo. “Cada quilo está avaliado em cerca de R$ 20 mil. Pelo que apuramos preliminarmente, esta droga seria deixada em algum lugar do estado e então seguiria para Fortaleza”, afirmou Jacob.
O condutor da caminhonete era Renan Santos da Silva, de 34 anos, que viajava junto com a esposa, o filho de onze meses e o cunhado, Diemerson Serrão Silva, 22 anos. De acordo com o delegado, existem provas e documentos que comprovam a participação dele e de Diemerson no crime. Entretanto, a situação da esposa do condutor ainda estava sendo analisada. “Estamos verificando se, de fato, ela não sabia de nada ou se servia de disfarce para passarem despercebidos nas barreiras, como uma família viajante feliz”, disse.
Renan confessou ao policial que fazia o transporte da droga regularmente. Segundo ele, essa foi a décima viagem que fez até Mato Grosso, onde a caminhonete era abastecida com cocaína. “Ele sempre trazia entre 40 e 50 quilos do entorpecente. Esta foi a vez em que ele transportou a maior quantidade. Em depoimento, ele disse que ganhava de R$ 7 a R$ 8 mil por viagem”, explicou o delegado Hennison.
Entretanto, dessa vez Renan não iria receber o pagamento. “Ele ‘bateu o motor’ do carro no caminho e o serviço custou quase R$ 14 mil, além de ter atrasado a viagem em vários dias. Então essa e a próxima ele faria sem receber nada, para pagar o prejuízo”, complementou. O plano do motorista, segundo ele, era fazer mais quatro viagens e parar com a atividade criminosa.
O caminho da droga, segundo o delegado, provavelmente teve início na Bolívia. De lá, seguiu para o Mato Grosso, onde foi colocada na caminhonete. O veículo seguiu rumo ao Pará pela pela BR-163 (Transamazônica), que esta época do ano apresenta muitos trechos de difícil acesso e com muitos atoleiros, o que dificulta a fiscalização. Chegando aqui, a cocaína – considerada de boa qualidade – possivelmente seria encaminhada para Fortaleza.
Ainda em depoimento, Renan disse que entregaria o entorpecente a um conhecido e este, por sua vez, para o seu superior. O condutor alegou que desconhece a pessoa que é responsável pela cocaína, mas não convenceu o delegado Jacob. “É uma quadrilha bem articulada. O Renan já tinha feito várias viagens antes, então é difícil acreditar que ele não saiba com quem está tratando. É uma questão de alguns dias pra fazermos a solicitação da prisão preventiva das outras pessoas envolvidas no esquema”, enfatizou o titular da Denarc.
A esposa de Renan, que não teve o nome divulgado e não se identificou, alegou que desconhecia qualquer atividade criminosa do marido. “Ele é motorista e sempre é contratado para fazer viagens. Um rapaz contratou ele para levar e trazer a caminhonete, mas eu não sabia de nada de droga. Meu marido nunca foi preso”, disse. Ainda segundo ela, o irmão Diemerson não teria feito todo o percurso com eles. “Meu irmão também é motorista e foi fazer um outro trabalho. Nós o pegamos no meio do caminho da volta”, afirmou.
(Fonte: Pará News)