Correio de Carajás

Mais de 30 países dizem que não apoiarão texto da COP30 sem mapa do caminho para abandonar combustíveis fósseis

Grupo enviou carta à Presidência brasileira cobrando que o plano permaneça no rascunho final da conferência.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais de 30 países pressionaram a Presidência da COP30 nesta quinta-feira (20) ao afirmar que não apoiarão um texto final da Cúpula que deixe de fora um mapa do caminho de transição global para longe dos combustíveis fósseis.

O g1 teve acesso à carta conjunta enviada pelas delegações pedindo que o tema permaneça no rascunho político da conferência.

A cobrança surgiu após circular entre diplomatas que uma nova versão do texto poderia retirar a proposta de iniciar a construção desse mapa, prevista no primeiro rascunho do tema divulgado na última terça-feira (18).

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🗺️ 🛣️ ENTENDA O TERMO: “Mapa do caminho” ou roadmap (em inglês) é o termo usado em negociações internacionais para designar planos de ação que estabelecem etapas, prazos e metas concretas rumo a um objetivo comum. Na prática, trata-se de um roteiro político e técnico que define “quem faz o quê, até quando e com quais recursos”.

O movimento ocorre em meio à resistência de grandes produtores e consumidores de petróleo, gás e carvão.

Na carta, países como Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha e outros afirmam que “não podem apoiar um resultado que não inclua um mapa do caminho justo, ordenado e equitativo para deixar os combustíveis fósseis para trás”.

 

O grupo reúne nações da Europa, América Latina, Ásia e ilhas do Pacífico, muitas delas entre as mais ativas na defesa do avanço da transição energética.

Segundo negociadores, algumas delegações chegaram a cogitar abandonar as conversas caso o mapa do caminho fosse excluído.

A discussão sobre combustíveis fósseis se tornou o ponto central da COP30. O desfecho dependerá de como o mapa do caminho será tratado no texto final, que ainda está em negociação e deve avançar ao longo desta sexta-feira (21) ou para o fim de semana.

Como os mapas do caminho pode aparecer na COP?

 

A inclusão do tema depende do consenso entre os países participantes.

Desde a COP 28 em Dubai, no ano de 2023, os países concordaram que é preciso fazer uma “transição para longe dos combustíveis fósseis”.

No termo em inglês, o texto final cita “transitioning away from fossil fuels”, sem detalhar como e quando isso será feito. A COP 29, no Azerbaijão, não apresentou avanços concretos nesta direção.

E é justamente neste ponto que as expectativas sobem em relação à COP30, já que os anos recentes foram fartos em dados apontando o aumento dos eventos extremos.

Os números também mostram que são remotas as chances de alcançar a meta de conter o aquecimento global a 1,5°C em relação à era pré-industrial.

E o consenso científico aponta que é preciso frear a emissão de gases de efeito estufa para limitar os efeitos da crise climática.

Também na última terça, um grupo de cerca de 80 países defendeu a importância da adoção de um mapa do caminho para o fim do uso dos combustíveis fósseis.

A defesa de um mapa do caminho foi realizada em entrevista coletiva em um dos auditórios da COP30 e foi convocada pela Dinamarca.

Entre os participantes que declararam apoio à iniciativa estavam ministros da Colômbia, do Quênia, do Reino Unido, de Serra Leoa, entre outros.

“A urgência da crise climática não permite desaceleração. A ciência é clara e os impactos são diários e muito caros, particularmente para o sul global”, disse a ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Irene Vélez Torres.

 

“Hoje, as pessoas ao redor do mundo estão mobilizando, em uma escala massiva, demandando ação concreta para a justiça climática, particularmente contra a expansão de fronteiras de combustíveis fósseis”, acrescentou.

Na coletiva, a delegação alemã também disse que praticamente toda a Europa apoia a iniciativa.

“Vamos fazer um Mutirão global para nos libertarmos dos combustíveis fósseis”, disse Carsten Schneider, Ministro do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha.

O secretário de Estado para Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido, Ed Miliband, também reforçou que a coalizão reunida no Mutirão expressa um alinhamento raro entre países do Norte e do Sul globais e que o Sul, especialmente, tem insistido que o tema não pode mais ser ignorado.

Ele afirmou que o momento político é favorável e que a COP30 tem a chance de avançar a transição para longe dos combustíveis fósseis, retomando o impulso deixado pela COP28.

(Fonte:G1)