Correio de Carajás

Exames radiológicos e endoscópicos durante a gestação

Os exames radiológicos são ferramentas indispensáveis para o diagnóstico e acompanhamento de várias patologias tanto agudas quanto crônicas, e são indicados a gestantes para causas diversas.

Diferentes modalidades de exames de imagem, incluindo radiografias, fluoroscopia, tomografia computadorizada, entre outros, têm efeitos diversos nos tecidos humanos e por isso apresentam distintos riscos para o feto.

O princípio dessas modalidades de exames consiste em oferecer a melhor definição de imagem com a menor dose possível de radiação, uma vez que os efeitos são linearmente cumulativos. Entretanto, mesmo que o feto seja excluído do campo direto, ainda assim é passível de receber a radiação que se dispersa do acelerador e do colimador, portanto métodos de barreira de chumbo são utilizados para reduzir a exposição.

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O efeito da radiação durante a gravidez depende da dose e da idade gestacional do embrião ou feto. A dose máxima de radiação de 100 mSv é o limite de exposição a mulheres grávidas. O feto, por sua vez, está mais suscetível durante o período embrionário da organogênese (2 a 7 semanas de idade gestacional) e no primeiro trimestre, sendo mais resistente durante o segundo e o terceiro trimestre.

Nesse período, a dose entre 0,05 e 0,5 Gy é geralmente considerada segura para o feto, enquanto é considerada potencialmente prejudicial no primeiro trimestre. Uma dose elevada de radiação (superior a 0,5 Gy ou 50 rad) é capaz de provocar efeitos adversos, como aborto espontâneo.

Assim como redução do crescimento, redução do quociente de inteligência (QI) e retardo mental grave, de modo que médicos assistentes e radiologistas são orientados a sempre informar as pacientes grávidas sobre esses riscos, independentemente da idade gestacional.

Exames que não exigem verificação do estado de gravidez são, em geral, aqueles que não expõem diretamente a pelve ou o útero gravídico ao feixe de raios X (radiografia de tórax, de extremidades, exames diagnósticos da cabeça ou pescoço, mamografia, qualquer tomografia computadorizada fora do abdome ou da pelve).

Por outro lado, exames envolvendo procedimentos fluoroscópicos intervencionistas do abdome ou da pelve, angiografia diagnóstica do abdome ou pelve, histerossalpingografia, tomografias do abdome ou pelve e estudos diagnósticos de medicina nuclear implicam na verificação do estado de gravidez.

Todos os profissionais de saúde, incluindo gastroenterologistas e endoscopistas, que atendem às mulheres em idade fértil, grávidas e lactantes, necessitam deter os conhecimentos básicos acerca dos riscos da exposição à radiação e aos agentes de contraste.

É indicado o aconselhamento com radiologista para que ele possa sugerir modificações e adaptações técnicas, de modo a diminuir a dose total de radiação. A seguir, será apresentado um resumo das informações sobre os principais estudos radiológicos e suas implicações na gravidez.

Radiografia (exames de raios X), os efeitos da radiação sobre o feto são uma preocupação compreensível das gestantes que necessitam realizar exames de raios X. O potencial lesivo aos fetos é baixo e o eventual risco de exposição à radiação precisa ser ponderado em relação ao risco de agravamento ou progressão da doença materna.

Entretanto, em caso de suspeita ou confirmação da gravidez, medidas para mitigar os riscos são recomendadas, como informar ao médico se realizou algum exame radiológico no abdome ou tronco recentemente, pois, nessa situação, a exposição a um novo procedimento torna-se desnecessária.

Uso do avental de chumbo é indicado inclusive para mulheres não grávidas para proteção dos órgãos reprodutores. Além disso, crachás de filme ou dosímetros são indicados para monitorização da exposição à radiação em postos de trabalho próximos aos locais onde os exames são realizados.

Caso seja necessário submeter uma mulher grávida a algum exame radiológico ou tratamento radioterápico, considerar uma consulta com um médico especialista para o correto planejamento e adaptação do protocolo que possibilite a redução da dose ionizante utilizada.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.