No dia 19 do mês passado, o prefeito de Marabá, Toni Cunha, anunciou que a Prefeitura estava decretando a intervenção na empresa Integração, que administrava o transporte público em Marabá. Na mesma live no Instagram, o prefeito prometeu que dentro de 15 a 20 dias Marabá sairia “de sete para 16 ônibus”. Ou seja, ganharia mais nove ônibus. Pois bem, esse prazo estipulado por ele mesmo – sem que ninguém tenha lhe cobrado – já acabou e a promessa não foi cumprida. Obviamente, os usuários do transporte público estão revoltados.
Ouvida pela reportagem deste CORREIO, no Terminal de Integração, a professora Claudeci Bezerra diz que os ônibus, além de malcuidados, não dão conta de atender a demanda da cidade. Segundo ela, é preciso urgentemente melhorar essa situação. “A gente precisa ver melhoras”, observa.
Já a servidora pública Ana Maria Rodrigues é taxativa ao afirmar: “Não tem ônibus”. Segundo ela, quem mora no Núcleo São Félix fica praticamente ilhado, sem transporte. Ana Maria entende que é preciso uma mudança. “Tem que pôr ônibus direto, porque quem mora no Residência Magalhães, por exemplo, (o ônibus) nem entra lá”, denuncia.
Leia mais:Por sua vez, a diarista Lucicleide Policarpo, que também mora no São Félix, conta que é preciso acordar às 5h da manhã pra pegar ônibus, quando precisa resolver alguma coisa no outro lado da ponte; e pra voltar é uma dificuldade. “Muitas vezes a gente perde consulta por causa disso. Eu tenho costume de ficar duas horas na parada de ônibus”, denuncia, ao observar que a solução, em muitos casos, é andar até a BR-222 pra pegar um taxi lotação.
Outro servidor público, Carlos Alberto Ferreira, também critica a falta de compromisso da gestão no tocante ao transporte coletivo. Ele cobra mais ônibus na cidade e relembra da promessa não cumprida pelo prefeito. “Inclusive, prometeram”, alfinetou.
A dona de casa Dagnane Silva Liberato mora na Vila Sarandi, que fica 6km depois de Morada Nova (em direção a Nova Ipixuna). Lá é que o transporte público é deficitário mesmo. O único ônibus que sai de lá em direção ao restante da cidade passa às 5h45. Quem perder esse veículo não pega mais outro. Por isso, ela desabafa: “A gente também é marabaense, a gente também faz parte da cidade e precisamos de coletivos”.
SEM RESPOSTA
Este CORREIO solicitou uma nota da Secretaria de Comunicação da Prefeitura (Secom), para saber por que o prefeito prometeu o aumento de nove ônibus dentro de 20 dias e não conseguiu honrar a palavra. Mas a nota enviada fala sobre tudo, menos sobre isso. Leia a seguir:
“A Prefeitura de Marabá, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Institucional (SMSI), informa que diante do descumprimento do contrato por parte da empresa de transporte coletivo urbano, a gestão municipal entrou com ação de intervenção e auditoria na referida empresa para investigar os motivos desse não cumprimento do contrato, bem como garantir aumento da frota. O resultado da ação deve sair em 180 dias, a contar do início da investigação, o qual norteará as providências necessárias. No entanto, a Prefeitura segue tentando encontrar medidas para melhorar o transporte coletivo até que os novos ônibus sejam disponibilizados pela concessionária contratada.”
Ou seja, a nota oficial do município não diz por que o prefeito descumpriu um compromisso firmado com a população por meio de suas redes sociais, quando garantiu: “Dentro de 15 dias a 20 dias, nós sairemos de sete para 16 ônibus”. A declaração foi feita dia 19 de maio. O prazo expirou. Mais uma promessa não cumprida. (Chagas Filho)