Correio de Carajás

MONKEYPOX II

Entre os anos de 2022 e 2025, até o momento desta publicação, o estado do Pará registrou um total de 462 notificações de Mpox. Destas, 231 (50%) foram casos confirmados em residentes do estado, 4 casos confirmados em residentes de outras unidades da federação, 226 (48,9%) foram descartados e 1 caso permanece em investigação.

No recorte entre 2022 e 2024, foram confirmados 211 casos, com maior concentração no ano de 2022 (120 casos), seguido de 64 casos em 2024 e 27 em 2023. Durante esse período, foi confirmado um óbito pela doença, ocorrido em 2023. No ano de 2025, até a presente data, foram confirmados 20 novos casos, com dois óbitos em investigação.

Diante disso, recomenda-se o fortalecimento das ações de monitoramento, diagnóstico oportuno, investigação epidemiológica e comunicação de risco junto à população, com ênfase nos territórios historicamente mais afetados e com potencial de interiorização da transmissão

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Em relação ao quadro clínico, o período de incubação varia de 6 a 16 dias, em média, podendo chegar a 21 dias. Os casos recentemente detectados apresentaram uma preponderância de lesões nas áreas genital e anal e acometimento de mucosas (oral, retal e uretral).

A doença geralmente evolui com sinais e sintomas leves, porém algumas pessoas, especialmente aquelas com imunossupressão, podem desenvolver formas graves. A manifestação cutânea típica é pápulo-vesicular, precedido ou não de febre e de linfadenopatia (inchaço dos gânglios). Outros sintomas incluem dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios e exaustão.

A erupção característica associada às lesões da Mpox envolve o seguinte: lesões profundas e bem circunscritas, muitas vezes com umbilicação central. Assim como progressão da lesão através de estágios sequenciais específicos – máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas.

Podem ser confundidas com outras doenças que são mais comumente encontradas, como sífilis secundária, herpes e varicela zoster. Pacientes coinfectados com vírus Monkeypox e outros agentes infecciosos (por exemplo, varicela zoster, sífilis), apresentando erupções cutâneas devem ser considerados para testes, meses que outros testes sejam positivos.

As erupções podem acometer regiões como face, boca, tronco, mãos, pés ou qualquer outra parte do corpo, incluindo as regiões genital e anal. Na pele, podem aparecer manchas vermelhas sobre as quais surgem vesículas (bolhas) com secreção. Posteriormente, essas vesículas se rompem, formando uma crosta que evoluem para cura.

A evolução para a forma grave da doença pode estar relacionada a fatores como imunossupressão, dentre elas a coinfecção com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal próximo, incluindo: contato íntimo ou sexual; contato direto com lesões de pele, erupções cutâneas, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada; contato com objetos e superfícies contaminadas; e contato com secreções respiratórias. A transmissão ocorre desde o aparecimento dos sinais e sintomas até a erupção de pele ter cicatrizado completamente, com a formação de uma nova camada de pele.

O diagnóstico laboratorial é realizado por meio da detecção molecular do vírus utilizando a reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR). O Laboratório Central do Estado do Pará (LACEN- PA) está realizando o exame oferecendo suporte de cobertura para todo o Estado. O LACEN-PA priorizará o diagnóstico de MPOX vírus (MPXV) nas amostras coletadas de pacientes suspeitos da doença.

A mpox tem cura e, na maioria dos casos, os sintomas desaparecem espontaneamente em duas a quatro semanas. No entanto, alguns pacientes podem desenvolver complicações, como infecções bacterianas secundárias ou cicatrizes permanentes. A recuperação pode ser mais lenta em pessoas imunocomprometidas, reforçando a importância do acompanhamento médico e das medidas de prevenção.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.