A pele é o maior e mais visível órgão do corpo humano, possuindo uma área de cerca de 7.620 cm². Ela possui diversas funções essenciais para manter a homeostase corporal, dentre as quais podemos citar: a proteção contra infecções (barreira física contra a invasão de micro-organismos), evitar a desidratação e manter o equilíbrio hidroeletrolítico.
Podemos estratificar a pele em 3 camadas, epiderme, derme e hipoderme. Epiderme é a camada mais superficial e mais fina da pele e sua espessura pode variar entre 0.04 mm (pálpebras) e 1.6mm (região plantar dos pés), possuindo um turnover (renovação) a cada 28 dias. As células mais presentes nesta camada são os queratinócitos, responsáveis pela produção de queratina, uma proteína essencial que garante a proteção da pele.
Podemos encontrar também os melanócitos, células responsáveis pela pigmentação e proteção da pele contra os raios ultravioleta. As células de Langerhans também estão presentes nesta camada, e atuam no processo imunológico, enquanto as células de Merkel estão ligadas às terminações nervosas, garantindo sensibilidade a estímulos mecânicos, em especial, a pressão.
Leia mais:Podemos subdividir a epiderme em estrato basal ou estrato germinativo, onde estão situadas as células-tronco da epiderme, com alta atividade mitótica. É nessa região que estão situados os melanócitos e as células de Merkel. Estrato espinhoso ajuda na resistência da epiderme, pois possui curtas projeções ligadas por desmossomos, fazendo a adesão entre as células adjacentes.
Estrato granuloso, que possui importante barreira impermeável à água, atuando na prevenção à desidratação. Estrato córneo é a região mais externa e renovada da pele, atuando na proteção, prevenção da perda de líquidos e manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico.
Já a derme, camada intermediária da pele e sua espessura pode variar entre 0.3mm (pálpebras) e 3mm (dorso). Nesta camada podemos encontrar 3 importantes estruturas: glândulas sudoríparas, responsáveis pela termorregulação e por secretarem peptídeos antimicrobianos, folículos pilossebáceos, que secretam serosidade e os músculos piloeretores que reagem aos estímulos externos.
Em relação a hipoderme, muitos autores na literatura consideram que a hipoderme está intimamente relacionada à camada dérmica, não havendo uma separação entre elas. No entanto, para uma melhor abordagem didática, podemos defini-la como uma camada independente. É a camada mais profunda da pele onde podemos encontrar o tecido adiposo ou subcutâneo.
A cicatrização da pele é um processo com múltiplos níveis de complexidade, envolvendo um conjunto de eventos sincronizados e integrados decorrentes de uma lesão com a finalidade de restaurar a integridade tecidual.
O objetivo final cursa com a formação de um tecido fibroso, que possui estrutura, textura e elasticidade diferentes do tecido, ou seja, uma cicatriz nunca apresentará as mesmas características de uma pele não lesada. Quando o paciente apresenta uma lesão cutânea, há perda da integridade da pele, podendo predispor a infecções, desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos.
A pele é um órgão de vital importância e que o processo de cicatrização é extremamente complexo. Este envolve uma grande variedade de células e substâncias, que, de forma harmônica e ordenada, farão com que uma ferida possa ser cicatrizada, garantindo assim a integralidade e as funções da pele.
Importante para prevenção de cicatrizes e queloides: manter a pele hidratada para evitar o ressecamento e a descamação; manter a ferida húmida e coberta para acelerar o processo de cicatrização e reduzir a probabilidade de coçar e reabrir a ferida; manter as feridas limpas e protegidas; e evitar coçar ou cutucar.
A cicatrização é um processo complexo, que envolve mecanismos celulares, moleculares e bioquímicos. Visa a restauração da função e estruturas normais dos tecidos. Existem 3 tipos de cicatrização que serão abordados mais adiante: a cicatrização por primeira, segunda e terceira intenção.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
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