Han Kang, escritora sul-coreana, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2024. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (5), pela Academia Sueca, em Estocolmo.
Segundo a academia, o prêmio foi concedido “por sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. Ela é a primeira autora sul-coreana a ser laureada com o Nobel de Literatura.
Han Kang nasceu em 1970, na cidade sul-coreana de Gwangju, e vem de uma formação literária. Seu pai é o renomado romancista Han Seung-won. Junto à sua escrita, ela também se dedicou à arte e à música, o que se reflete em toda a sua produção literária.
Leia mais:A autora começou sua carreira em 1993, com uma série de poemas na revista “Literatura e Sociedade”. Em 1995, ela estreou na prosa, com a coleção de contos “Amor de Yeosu”.
Seu maior destaque internacional veio com o livro “A Vegetariana”, de 2007. Escrito em três partes, o livro retrata as consequências violentas quando a protagonista se recusa a se submeter às normas de ingestão alimentar.
“O trabalho de Han Kang é caracterizado por essa dupla exposição da dor, uma correspondência entre tormento mental e físico com estreitas conexões com o pensamento oriental”, afirma a academia.
Durante o anúncio, o secretário permanente da Academia Sueca, Mats Malm, disse que conseguiu falar com Kang ao telefone. “Ela estava tendo um dia comum, ao que parece – tinha acabado de jantar com o filho. Ela não estava realmente preparada para isso, mas começamos a discutir os preparativos para dezembro [quando a autora receberá o prêmio]”.
Os últimos vencedores do Prêmio Nobel de Literatura
Em 2023, o vencedor foi o norueguês Jon Fosse, considerado um dos dramaturgos mais atuados no mundo e que tem se tornado cada vez mais reconhecido por sua prosa. Ele escreve na versão menos comum das duas versões oficiais do norueguês, e disse que considerava o prêmio um reconhecimento desse idioma e do movimento que o promove.
Segundo a Academia, o prêmio foi concedido “por suas peças e prosa inovadoras que dão voz ao indizível”.
- 2023: Jon Fosse (Noruega)
- 2022: Annie Ernaux (França)
- 2021: Abdulrazak Gurnah (Tanzânia)
- 2020: Louise Glück (Estados Unidos)
- 2019: Peter Handke (Áustria)
- 2018: Olga Tokarczuk (Polônia)
- 2017: Kazuo Ishiguro (Reino Unido)
- 2016: Bob Dylan (Estados Unidos)
- 2015: Svetlana Alexievich (Belarus)
- 2014: Patrick Modiano (França)
Nobel em 2024
Assim como foi feito em 2023, os vencedores dos Prêmios Nobel deste ano receberão 11 milhões de coroas suecas. Até três laureados podem receber o prêmio, informou a Fundação Nobel, que administra a premiação.
A láurea de medicina foi anunciada nesta segunda-feira (7). Victor Ambros e Gary Ruvkun levaram o prêmio pela descoberta dos microRNAs e seu papel “na regulação genética pós-transcricional”, um processo fundamental para o desenvolvimento das células do nosso corpo.
O prêmio de Física foi anunciado na terça-feira (8). Os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton levaram o Nobel por suas “descobertas e invenções fundamentais que permitem o aprendizado de máquina (machine learning, em inglês) com redes neurais artificiais”.
Essas redes são essenciais para o desenvolvimento da inteligência artificial (IA), permitindo que computadores realizem tarefas complexas de maneira similar ao cérebro humano.
A láurea de Química foi concedida a um trio de ganhadores: os americanos David Baker e John M. Jumper e o britânico Demis Hassabis.
Eles também levaram o prêmio por estudos voltados para o desenvolvimento de IA, desta vez por decifrar os segredos das proteínas (moléculas fundamentais para as nossas células e, consequentemente, para a vida) por meio da inteligência artificial (IA) e da computação.
O que é o Prêmio Nobel
A láurea foi criada pelo químico e empresário Alfred Nobel. Inventor da dinamite em 1867, o sueco doou a maior parte de sua fortuna em testamento para a criação de prêmios de física, química, medicina, literatura e paz (o prêmio de economia foi criado anos mais tarde).
O documento dizia que os prêmios deveriam ser concedidos “àqueles que, durante o ano anterior, tenham conferido o maior benefício à humanidade”.
Contudo, hoje em dia, conforme explica Juleen Zierath, membro do Instituto Karolinska – o júri do Nobel de Medicina-, essa regra não é mais tão levada à risca.
“Você pode ter feito essa descoberta em um estágio muito inicial de sua carreira de pesquisa, ou pode ter feito essa descoberta em um estágio muito avançado de sua carreira de pesquisador”, ressalta a pesquisadora.
(Fonte:G1)