Correio de Carajás

Ambiente cirúrgico e seus profissionais

      O ambiente cirúrgico tem grande importância para o sucesso da realização de seus procedimentos, seja qual for o porte cirúrgico.

      A manutenção desse espaço conta com o preparo dos profissionais envolvidos, do sítio cirúrgico e com a qualidade dos instrumentos utilizados. A grande relevância da metodologia empregada está no risco que a ruptura com a esterilidade pode representar aos pacientes cirúrgicos.

      Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na série de segurança do paciente de 2013 as infecções relacionadas ao sítio cirúrgico ocupam a terceira posição entre todas as infecções em serviços de saúde, sendo 14% a 16% das encontradas em pacientes hospitalizados.

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      A paramentação do sítio cirúrgico e dos profissionais cria uma barreira de segurança biológica de contato direto entre o paciente e os profissionais, materiais, equipamentos e o restante do ambiente. Ela é feita de forma a evitar o máximo de interferências negativas ao paciente e para a proteção individual do profissional.

      A lavagem das mãos vem antes da paramentação com roupas específicas e é de extrema importância para a manutenção do ambiente cirúrgico adequado. O preparo das mãos mudou de fato a história da medicina e sua intenção é reduzir ao máximo infecções.

      Não é permitido o uso de anéis, relógios, unhas compridas e unhas artificiais. A lavagem das mãos tem como objetivo retirar a população transitória de bactérias enquanto que preserva a população permanente (população fisiológica).

      Deve ser realizada sempre em local adequado antes de se iniciar o procedimento. Após a lavagem será realizado o calçamento das luvas estéreis. Ou seja, a lavagem das mãos não significa a esterilização destas, uma vez que só estará de fato estéril com a luva.

      A lavagem deve ocorrer em lavatório com acionamento de água tratada sem as mãos, com uso de escovas com material degermante e por meio de uma rotina adequada que deve durar em média 5 minutos.

      As rotinas de lavagem podem variar, contudo, devem sempre respeitar as seguintes regras: Deve-se inicialmente espalhar o produto pela pele, pelas mãos e pelo antebraço.  A lavagem das mãos, do antebraço e do cotovelo deve ser realizada com a parte mais macia da escova cirúrgica (esponja). O início deve ser na parte distal (dedos) e seguir para proximal (antebraço e cotovelo), não se devendo voltar a parte distal após lavagem da proximal.

      As duas mãos devem ser lavadas antes de se seguir para os antebraços e, por sua vez, esses dois devem ser escovados antes de se passar para o cotovelo. Isto é, só depois dos dois lados serem lavados é que se passa para o próximo estágio. Não deve ser deixada nenhuma parte dos dedos até o antebraço sem escovação.

⁠      A lavagem das unhas deve ser feita com o uso da região plástica mais dura da escova cirúrgica (escova). Deve-se enxaguar os membros no mesmo sentido da escovação, ou seja, de distal para proximal. Não chacoalhar e abanar as mãos, o antebraço e os cotovelos após a lavagem. Após a lavagem não abaixar as mãos abaixo da cintura até o fim do procedimento cirúrgico.

      A secagem das mãos vem logo após a lavagem e precede a colocação do avental cirúrgico. Ela deve ocorrer dentro da sala cirúrgica com compressas ou material adequados e para essa finalidade.

     A secagem e a lavagem seguem sempre a sequência de distal para proximal. A diferença que um membro inteiro deve ser secado para só após isso se dobrar a compressa e passar para o outro membro.

      De acordo com ANVISA, a duração do procedimento deverá ser de 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia e de 2 a 3 minutos para as cirurgias subsequentes, sempre seguir o tempo de duração recomendado pelo fabricante do degermante.

       Roupas específicas fazem parte da roupa específica dos profissionais no centro cirúrgico: calça e camisa (roupa privativa), máscara, gorro, propé, avental cirúrgico (jaleco cirúrgico, capote), luva estéril e proteção ocular. O tema prossegue na próxima terça-feira.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.