Após emitir diversas notificações, a Prefeitura Municipal de Marabá cumpriu o prometido e começou a retirar, na madrugada desta sexta-feira (2), barracas instaladas na calçada em frente à agência do Banco do Brasil, na Folha 32, Nova Marabá. Indignados, os vendedores acompanharam o serviço da equipe da Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), orientado pelo Departamento de Postura.
“Fomos notificados, mas quero saber o que vão fazer com a gente. Somos pais de família, estamos devendo e quero saber se vão arrumar lugar pra gente trabalhar”, diz Ronilson Correia de Moura, que há 14 anos trabalhava no local. “Estou saindo sem direito a nada, sem nenhum posicionamento ou garantia de nada. É um prejuízo incalculável porque é o meu local de trabalho”. Na área, será mantida apenas a banca de revistas.
Leia mais:Outro vendedor, José Edilson de Sousa, diz que estava na calçada há 15 anos e se mostrou indignado com a decisão da Prefeitura Municipal. “Quero só parabenizar o senhor Sebastião Miranda Filho. Eu quero saber como ele vai fazer com a gente e sobre as nossas dívidas”.
A barraca de Vilson Rodrigues já havia sido retirada há alguns dias e afirma que no caso dele sequer houve notificação. “A cidade já está com alto índice de desemprego, o prefeito não tem emprego pra ninguém e ele ainda tira um bocado de barraca? Assim ele desemprega um monte de gente e a cidade tá precisando é empregar”, criticou.
Ele destaca estar preocupado em como sustentar a família a partir de agora. “Já pensou você chega ao final de ano desempregado? Sem poder trabalhar? ”. Rodrigues lamenta não ter onde armar a barraca e acredita que a administração deveria solucionar rapidamente a questão.
“Vão e tiram sua barraca, não arranjam outro lugar pra você trabalhar e a gente fica em uma situação difícil. A gente quer ver o que as autoridades farão pelos ambulantes ou o Ministério Público. Queremos que alguém faça alguma coisa”.
Procurado pelo Portal Correio de Carajás, o coordenador de Postura, Túlio Rosemiro Pereira, informou que a área de onde estão sendo retiradas as estruturas será reformada. “Queremos um espaço mais arborizado, vamos plantar grama de novo, colocar banco e iluminar porque o local estava parecendo uma favela. A gente praticamente não permite mais trailer em Marabá, a questão dos canteiros cheios de trailer”, comentou.
Ainda de acordo com ele, os vendedores podem continuar trabalhando como ambulantes, mas não poderão construir estruturas em área pública. “Eles serão móveis, montar de dia e sair à noite como era antigamente. A maior parte das pessoas sempre trabalhou assim, mas nas gestões passadas deixaram virar uma favela”.
Outra preocupação, diz, é com respeito ao cumprimento do Código de Postura em relação à liberação de calçadas. “Na atual gestão a ideia é sempre melhorar, fazer calçada para o pedestre passar, melhorar a acessibilidade. O Ministério Público nos cobra muito a acessibilidade e estamos fazendo de tudo pra melhorar essa questão. Como estava não dava mais pra andar nas calçadas próximo ao Banco do Brasil”. O próximo local a receber a ação, acrescenta, é a Praça São Francisco, no Núcleo Cidade Nova.
Questionado sobre a reclamação dos vendedores acerca de realocação, o coordenador afirmou que não há qualquer discussão oficial neste sentido e que a Prefeitura Municipal de Marabá não possui espaço disponível para tal. “Nós não temos onde realocar, não podemos mais realocar porque não temos área pública para isso”. (Luciana Marschall – com informações de Josseli Carvalho)