Uma vez que todos possam apresentar uma leve perda ou ganho de peso com o passar do tempo. Geralmente os médicos se preocupam com perda de peso involuntária apenas no caso de pessoas que perdem mais de 4 kg a 5 kg ou, em pessoas menores, de 5% do peso corporal.
Uma perda de peso involuntária significativa em um indivíduo previamente sadio constitui com frequência um prenúncio de doença sistêmica subjacente. A história médica de rotina deve incluir sempre uma indagação acerca de mudanças no peso.
As flutuações rápidas do peso no transcorrer de alguns dias sugerem perda ou ganho de líquidos, enquanto as mudanças a longo prazo costumam envolver uma perda de massa tecidual.
Leia mais:A perda de 5% do peso corporal durante 6 a 12 meses deve levar à realização imediata de uma avaliação adicional. A perda de peso gradual é fisiológica em pessoas com mais de 80 anos, mas esse grupo demográfico também tem alto risco de doença maligna ou de outras doenças graves.
As causas principais da perda de peso involuntária podem ser classificadas em quatro categorias: (1) neoplasias malignas, (2) doenças crônicas inflamatórias ou infecciosas, (3) distúrbios metabólicos, ou (4) transtornos psiquiátricos.
Nas pessoas mais velhas, as causas mais comuns da perda de peso são a depressão, o câncer e a doença gastrointestinal (GI) benigna. Os cânceres pulmonares e do GI são as doenças malignas mais comuns nos pacientes com perda de peso. Em indivíduos mais jovens, devem ser considerados o diabetes melitos, o hipertireoidismo, a anorexia nervosa e a infecção, especialmente pelo HIV.
Antes de ser empreendida uma avaliação extensa, é importante confirmar que de fato ocorreu a perda de peso, pois até 50% das queixas de perda de peso não são confirmadas. Na ausência de documentação, as mudanças no tamanho do ajuste do cinto ou de roupas podem ajudar a determinar se houve perda de peso.
A história deve incluir perguntas sobre febre, dor, falta de ar ou tosse, palpitações e evidência de doença neurológica. Deve ser obtida uma história de sintomas gastrointestinal, como dificuldade de comer, disgeusia, disfagia, anorexia, náuseas e mudança nos hábitos intestinais.
É necessário rever história de viagem, consumo de cigarro, álcool e medicamentos, devendo os pacientes ser interrogados acerca de enfermidade ou cirurgia anterior assim como de doenças em familiares. Os fatores de risco para HIV devem ser avaliados. Devem ser analisados sinais de depressão, evidência de demência e fatores sociais, incluindo isolamento, solidão e problemas financeiros que possam afetar a ingestão de alimentos.
O exame físico deve começar com a determinação do peso e a documentação dos sinais vitais. A pele deve ser examinada para possível presença de palidez, icterícia, turgor, cicatrizes cirúrgicas e estigmas de doença sistêmica. Deve ser feita uma avaliação para candidíase oral, doença dentária, aumento de volume da tireoide e adenopatia, bem como para anormalidades respiratórias, cardíacas ou abdominais.
Todos os homens devem ser submetidos a exame retal que inclua a próstata. Todas as mulheres devem fazer um exame pélvico. E ambos precisam realizar exames de fezes para sangue oculto. O exame neurológico deve abranger a avaliação do estado mental e rastreamento para depressão.
A avaliação laboratorial inicial se baseia nos seguintes exames: hemograma, eletrólitos, cálcio, glicose, provas de função hepática e renal, urina I, hormônio da tireoide, raios X de tórax, rastreamento para câncer, teste HIV, endoscopia digestiva alta e baixa, ultrassom abdominal.
Devendo o tratamento apropriado basear-se na causa subjacente da perda de peso. Se não for encontrada uma causa para a perda de peso, será muito mais razoável o acompanhamento clínico minucioso do que a realização persistente de testes às cegas. A ausência de exames laboratoriais anormais é um sinal prognóstico favorável.
O tratamento da perda de peso deve ter como meta a correção da causa física ou da circunstância social subjacente. Em situações específicas, os suplementos nutricionais e os medicamentos podem ser eficazes para estimular o apetite ou aumentar o peso.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.