Correio de Carajás

Ministro pede desculpas por morte de ativista em Marabá

Caso de Gabriel Sales Pimenta foi julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos

Gabriel Sales Pimenta foi morto em Marabá, em 1982/ Foto: Divulgação

O Instituto Gabriel Pimenta de Direitos Humanos realizou na terça-feira (30) um ato de reconhecimento da responsabilidade do estado brasileiro por ter sido omisso e não ter julgado os assassinos de Gabriel Sales Pimenta, defensor de direitos humanos e advogado de trabalhadores rurais, morto em 1982 em Marabá.

O evento ocorreu no Teatro Paschoal Carlos Magno e contou com a presença do Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e de outras autoridades.

“É a primeira vez que o estado brasileiro reconhece a sua responsabilidade na violação contra um defensor dos direitos humanos e isso é importante não apenas para a família, para a memória de Gabriel Pimenta, mas é importante para o Brasil, uma vez que demonstra o compromisso do Brasil agora é de proteção e defesa dos Direitos Humanos”, comentou o ministro.

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Em outubro de 2022, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) por “graves falências” judiciais que resultaram na impunidade dos responsáveis pelo assassinato.

Com a condenação, uma série de exigências foi feita ao Governo brasileiro, entre elas, o pedido de reparação pública à família do advogado, indenização e criação de um memorial.

O CASO

O ativista, natural de Juiz de Fora (MG), levou três tiros em via pública. Os suspeitos Manoel Cardoso Neto, conhecido Nelito, José Pereira da Nóbrega (Marinheiro) e Crescêncio Oliveira de Sousa foram indiciados pela polícia e denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado, mas ninguém foi preso. O julgamento se arrastou por duas décadas e nenhum deles cumpriu qualquer pena.

O processo de Gabriel Sales Pimenta tramitou na Corte IDH por 19 anos. A instituição analisa casos quando já foram esgotadas todas as instâncias brasileiras de julgamento.

De acordo com a decisão da Corte, o Estado brasileiro é responsável pela impunidade do caso. São quase 20 determinações, publicadas em outubro de 2022. Dentre eles, o governo terá que oferecer tratamento psicológico e/ou psiquiátrico aos irmãos de Sales Pimenta; realizar ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional em relação aos fatos do caso; nomear uma praça pública no município de Marabá com o nome de Gabriel Sales Pimenta; criar um espaço público de memória em Belo Horizonte. Neste caso, a família solicitou à Corte transferência do memorial para Juiz de Fora, onde nasceu Gabriel.

Além disso, terá que criar e implementar um protocolo para a investigação dos crimes cometidos contra pessoas defensoras de direitos humanos e um sistema de indicadores que permita medir a efetividade do protocolo; revisar e adequar os mecanismos existentes, em particular o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas; elaborar e implementar um sistema nacional de coleta de dados e cifras relacionados a casos de violência contra pessoas defensoras de direitos humanos; criar um mecanismo que permita a reabertura de processos judiciais; pagar as quantias fixadas a título de indenização por dano material e dano imaterial, e pelo reembolso de custas e gastos.

Dentro do prazo de um ano contado a partir da notificação da sentença, o Estado deve apresentar ao Tribunal um relatório sobre as medidas adotadas para cumpri-la. (G1/PA)