Correio de Carajás

Obesidade

Fotos: Divulgação

A obesidade é uma doença crônica, progressiva, recidivante e uma epidemia global de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de um bilhão de adultos, em todo o mundo, está acima do peso e destes, 500 milhões são considerados obesos.

A conclusão a que se chega é que a obesidade, por si só não é saudável, independente dos exames bioquímicos apresentados pelo indivíduo, é uma ameaça para o desenvolvimento de doenças que geram uma diminuição de qualidade de vida e aumento da mortalidade da população mundial.

A obesidade, segundo a literatura médica, é um estado de excesso de massa de tecido adiposo. Não deve ser definida apenas pelo peso corporal, já que indivíduos musculosos podem estar com sobrepeso segundo padrões arbitrários, sem apresentar aumento da adiposidade.

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O método mais usado para classificar o estado do peso corporal e o risco de doença é o índice de massa corporal (IMC), igual ao peso/altura2 em kg/m2. Em IMCs semelhantes, as mulheres possuem mais gordura corporal do que os homens. Além disso, a distribuição regional do tecido adiposo pode influenciar os riscos associados à obesidade.

A obesidade central – principalmente visceral – (razão elevada entre a circunferência da cintura e a dos quadris, maior que > 0,9 nas mulheres e 1,0 nos homens) está independentemente associada a maior risco de síndrome metabólica, diabetes melito, hiperandrogenismo em mulheres e doença cardiovascular.

A prevalência da obesidade aumentou de forma dramática nas três últimas décadas. Nos EUA, cerca de 34% dos adultos maior que 20 anos são obesos (IMC > 30), e outros 34% apresentam sobrepeso (IMC de 25 a 30).

O mais alarmante é uma tendência semelhante entre as crianças, com cerca de 16% dos adolescentes sendo obesos. Isso levou a uma epidemia de diabetes tipo 2 em crianças, uma condição quase nunca vista até recentemente. Essa tendência de aumento da obesidade não se limita às sociedades ocidentais, mas ocorre no mundo todo.

A obesidade pode resultar de aumento no aporte de energia, diminuição do gasto energético ou uma combinação de ambos. O acúmulo excessivo de gordura corporal representa a consequência de fatores genéticos e ambientais. Os fatores sociais e as condições econômicas também constituem influências importantes.

O aumento recente na obesidade pode ser atribuído a uma combinação de ingesta calórica excessiva e atividade física diminuída. Razões pouco compreendidas para um aumento na assimilação do alimento devido à composição da dieta também têm sido postuladas, da mesma forma que a privação de sono e uma flora intestinal desfavorável.

A suscetibilidade à obesidade é de natureza poligênica, e acredita-se que 30 a 50% da variabilidade nas reservas totais de gordura sejam geneticamente determinados. Entre as causas monogênicas, as mutações no receptor 4 de melanocortina são as mais comuns, sendo responsáveis por 1% da obesidade na população geral e 6% na obesidade grave de início precoce.

As formas sindrômicas de obesidade incluem a síndrome de Prader-Willi e a síndrome de Laurence-Moon-Biedl. Outras causas monogênicas ou sindrômicas são extremamente raras. As causas secundárias da obesidade incluem lesão hipotalâmica, hipotireoidismo, síndrome de Cushing e hipogonadismo.

O ganho de peso induzido por fármacos também é comum em indivíduos em uso de agentes antidiabéticos (insulina, sulfonilureias, tiazolidinedionas), glicocorticoides, agentes psicotrópicos, estabilizadores do humor (lítio), antidepressivos tricíclicos, inibidores da monoaminoxidase, paroxetina, mirtazapina) ou agentes antiepiléticos (valproato, gabapentina, carbamazepina). Os tumores secretores de insulina podem levar a uma superalimentação e ganho de peso.

A obesidade possui efeitos adversos importantes sobre a saúde. A apneia do sono em indivíduos com obesidade pronunciada representa um sério risco para a saúde. A obesidade também está associada a uma incidência aumentada de esteato-hepatite, refluxo gastresofágico, osteoartrite, gota, lombalgia, infecções cutâneas e depressão. O tema prossegue na próxima terça-feira.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.