Os 27 celulares que estavam no barco encontrado à deriva com nove pessoas mortas no Pará, estão “prejudicados”. A informação foi confirmada ao g1 nesta terça-feira (23). De acordo com o Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal, os aparelhos estavam presos aos corpos em avançado estado de decomposição.
A embarcação foi encontrada por pescadores na Baía do Maiaú, próximo a ilha de Canelas, em Bragança, no nordeste do estado, no dia 13 de abril (saiba mais abaixo). Os celulares chegaram à Brasília no dia 17 de abril.
De acordo com os peritos, os celulares precisam passar por um processo de limpeza e preparo no setor de Medicina e Odontologia Legal da PF e, depois, será iniciado o processo de perícia e extração de dados. “
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Eventualmente temos que recuperar os aparelhos, ou acessar os dados diretamente nos seus chips de memória”, diz o Instituto Nacional de Perícia.
Por causa dos danos, além das etapas gerais de uma perícia, os aparelhos podem ser submetidos ainda a:
- Extração dos dados, envolvendo eventuais quebras de senha, se necessário
- Indexação dos dados
- Análise de conteúdo
Auxílio da Interpol
A Polícia Federal vai acionar a Interpol para, via cooperação internacional, auxiliar na identificação dos nove corpos encontrados na embarcação. A previsão é de que os corpos das nove pessoas sejam enterrados na quinta-feira (25) no cemitério São Jorge, em Belém.
O trabalho dos peritos para tentar decifrar a identidade das vítimas ainda está em andamento e, por enquanto, não houve resultados decisivos. Os exames envolvem análise de amostras de DNA e de arcadas dentárias.
Os laudos serão encaminhados para a Interpol, que vai solicitar ajuda a países africanos. Documentos e objetos encontrados na embarcação apontam que as vítimas eram migrantes da região da Mauritânia e Mali, na África.
Uma perícia feita no barco sugere que ele tinha capacidade máxima de comportar entre 30 e 40 pessoas. Com essa informação, para os investigadores, é possível que houvesse mais pessoas dentro da embarcação que naufragou e veio parar na costa brasileira.
A investigação aponta que eram mais de 25 pessoas. Além dos 27 celulares, havia 25 capas de chuvas idênticas no barco.
Migrantes
As investigações apontam que o grupo teria como destino as Ilhas Canárias. O arquipélago espanhol é usado como rota migratória no contrabando ilegal de imigrantes, segundo a Polícia Federal.
A suspeita é que correntes marítimas tenham tirado a embarcação da rota prevista. O barco ainda está sendo periciado, mas a Marinha adisse que ele é de fibra de vidro, aparenta ser artesanal e foi encontrado sem leme, motores, ou outros meios de condução.
Corpos das vítimas
Os nove corpos encontrados dentro da embarcação passaram por protocolos internacionais de Identificação de Vítimas de Desastres (DVI). De acordo com a PF, os exames envolveram mais de 30 pessoas em trabalho multidisciplinar e seguiram a sequência:
- Exame radiológico
- Exame de vestes, pertences, documentos e adereços
- Exame médico-legal, com coleta de material para exames de DNA e de isótopos estáveis
- Exame odontolegal
- Exame necropapiloscópico
- Verificação de documentos
(Fonte:G1)