Periodicamente o Lainc (Laboratório de Inflação e Custo de Vida de Marabá) divulga o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) que é um indicador do custo de vida das famílias marabaenses. O Lainc é o laboratório da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (FACE/UNIFESSPA) que trabalha em parceria com a Fundação Amazônica de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e tem como alvo medir o comportamento dos preços em vários setores da economia da cidade e quais os efeitos no orçamento das famílias que recebem de um a cinco salário mínimos.
A partir dessa edição, o jornal Correio vai esclarecer para você qual o impacto do IPC no dia a dia do consumidor marabaense, relacionando esses valores com o seu custo de vida.
Os dois primeiros grupos a serem comparados são o da Alimentação e Bebidas, além do grupo Habitação. Nos meses de agosto e setembro, os dois primeiros grupos, segundo o Lainc, compreende cerca de 43,17% na participação do orçamento da família marabaense, sofreu inflação, de 0,13, e deflação, de -0,16, respectivamente.
Leia mais:Isso significa que itens como arroz branco, pão francês e leite em pó contribuíram para que houvesse inflação em agosto. Já em setembro, os vilões foram o feijão carioca, a cebola e o peixe tambaqui inteiro foram itens responsáveis pela deflação ou diminuição nos preços.
Essa queda de setembro, porém, não foi sentida por consumidores como a professora Deborah Soraia Meira Bastos. “Eu penso que é sempre mais fácil a gente perceber quando ocorre a inflação, quando os preços se elevam, principalmente no quesito alimentação”, afirma, dizendo que o consumidor quase não percebeu a diminuição nos preços do mês em questão por conta da inflação acumulada nos meses anteriores. Deborah é casada e tem três filhos, de oito, onze e dezessete anos. Diz que só percebeu uma leve baixa nos preços de algumas frutas e verduras.
Já o grupo Habitação acumula alta por dois meses consecutivos. Em agosto, a inflação foi de 1, 77 e em setembro de 1,69. Os principais itens que contribuíram com a inflação nesse segmento foram desinfetante, amaciante e energia elétrica, no mês de agosto. Já no mês de setembro, os vilões foram o aluguel residencial, botijão de gás e novamente a energia elétrica.
Segundo Deborah, que também reclama do aumento na conta de energia, a inflação do grupo Habitação é mais perceptível. “Um sabão em pó que você compra por valor ‘x’, de um mês pro outro você consegue perceber claramente que ele aumentou em torno de R$0,50. Para alguns pode não ser nada, mas na soma se torna muita coisa.”.
Pesando no bolso
Dono de um residencial com oito apartamentos e uma casa que também aluga, o senhor José Marcone Pires diz que é preocupante o aumento na conta de energia dos últimos meses. “Além de pagar a conta da luz lá de casa, com bomba de água e portão elétrico, pago também o consumo dos apartamentos que estão vazios”, relata.
Ele também acusa a concessionária de energia de descaso com os seus usuários. “Eu já solicitei o desligamento de um dos apartamentos várias vezes, mas ainda não fui atendido. Agora, eu paguei R$ 56 de energia e tá lá [no papel da tarifa], ‘taxa de disponibilidade’, só que o consumo foi zero”, diz Marcone indignado por ter que pagar o valor sem o apartamento estar ocupado.
Segundo o levantamento feito pelo Lainc, os constantes reajustes nas tarifas de energia elétrica tiveram peso considerável para que houvesse inflação no grupo Habitação, assim como a alta no botijão de gás, nos meses de agosto e setembro, aumento esse amplamente percebido pelas famílias marabaenses. (Adriana Oliveira)