Correio de Carajás

Venezuelanos buscam refúgio em Marabá

O drama vivenciado por milhares de cidadãos na Venezuela tem resultado na imigração de centenas deles para o Brasil. Uma pesquisa divulgada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mais de 30 mil venezuelanos vivem hoje no país, a maioria deles em busca de refúgio, comida e emprego. A região norte é a que mais tem recebido os imigrantes, com destaque para Roraima, que é a porta de entrada dessas pessoas para o Brasil.

A escassez de alimentos e condições mínimas de sobrevivência trouxeram duas famílias venezuelanas até Marabá, onde se instalaram nos últimos dias. Trata-se de dois casais e sete crianças, abrigados na rodoviária do Quilômetro Seis. Durante o dia, eles ficam em semáforos da cidade, principalmente na Folha 33 e Cidade Nova – próximo ao Posto do Bolinha –, o que chamou a atenção não só de transeuntes e motoristas, mas também do poder público.

“Acionei a nossa equipe de abordagem social de rua, que fez levantamento, quantificou o número de famílias, e fez um trabalho com eles para que fossem acolhidos no nosso centro de acolhimento para a população de rua ou para identificar qual a necessidade de urgência que teriam”, revelou Nadja Lúcia Oliveira Lima, secretária municipal de Assistência Social e Assuntos Comunitários (Seaspac). Segundo ela, foi feito contato com os imigrantes e ofertado abrigo, no entanto, eles negaram a estada e preferiram solicitar passagens para a capital, Belém.

Leia mais:

“Eu providenciei as passagens, mas na hora de dar as passagens e de fazer o embarque, eles se recusaram a ir. Disseram que vão ficar mais 15 dias em Marabá arrecadando dinheiro para ir embora para Belém. Eu não sei qual foi a perspectiva que eles viram em Marabá para mudar de ideia e dizer que vão permanecer mais 15 dias, porque querem levar dinheiro para a Venezuela”, afirma.

A secretária destaca que uma das maiores preocupações do município é com as crianças das famílias refugiadas, que estão em situação de vulnerabilidade, expostas ao forte sol e vivendo nas ruas.

“Eles estão com crianças, que ficam expostas, em situação de vulnerabilidade social. Tem bebê no sol quente, a mãe com as crianças na rua, então nós acionamos o Conselho Tutelar, para que verificasse essa situação”, completou.

Procurado pela reportagem do CORREIO, o chefe da Delegacia de Polícia Federal (DPF) em Marabá, delegado Ricardo Viana, confirmou estar ciente da situação dos refugiados e ainda acrescentou que eles estão de forma legal no país, conforme exige o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). Ele relatou que, geralmente, os maridos são os responsáveis por sair nas ruas de Marabá com as placas improvisadas em papelão para pedir esmola.

CONARE

O Brasil é um dos países mais avançados no âmbito da política de acolhimento a refugiados. O país conta com um Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão responsável por avaliar e reconhecer, em primeira instância, as pessoas em condição de refugiado. Além de coordenar ações que protegem, dão assistência e apoio jurídico aos refugiados. (Nathália Viegas com informações de Josseli Carvalho)