Após passar duas semanas internada no Hospital Geral de Parauapebas (HGP), a paciente Beatriz Brenda Conceição, de 26 anos, resolveu sair do local nessa quarta-feira (7) sem receber alta médica, alegando ter sido tratada com descaso pelos funcionários e a equipe médica, além de sofrer problemas com falta de medicamentos, materiais básicos e a superlotação. A reportagem do Correio de Carajás procurou pela paciente, que deu detalhes sobre o caso.
Beatriz, que foi internada por 13 dias, relata que a falta de recursos e a sobrecarga dos técnicos de enfermagem tornam a situação insustentável para os pacientes. Além disso, a proibição de acompanhantes agrava ainda mais o sofrimento, especialmente para aqueles que passaram por cirurgias como ela.
“No meu caso, fui operada e estava com doze pontos na barriga e um dreno. No entanto, foi negada a presença de uma acompanhante, pois alegaram que o espaço era destinado aos técnicos. Porém, esses mesmos técnicos estão sobrecarregados e não conseguem dar a devida atenção aos pacientes”, declara Beatriz.
Leia mais:Ela também faz reclamações sobre as instalações do hospital, apontando a falta de funcionamento do bebedouro próximo ao quarto em que estava internada e a falta de rodinhas nos suportes para soros. A distância do banheiro até o leito também era um obstáculo difícil de enfrentar, tornando sua mobilidade extremamente limitada.
Ao sair do hospital sem alta médica, Beatriz decidiu denunciar a situação em que se encontrava. Segundo ela, havia a falta de medicamentos, gases e papel higiênico, além de bebedouros que não funcionam e carência de técnicos de enfermagem para atendimento adequado.
Além disso, a paciente revela que foi submetida a uma cirurgia para a remoção de cálculos na vesícula, mas, apesar do médico não encontrar nenhum cálculo, decidiu remover o órgão, que estaria infectado. Beatriz também falou sobre a conduta da anestesista, que a furou cinco vezes para acertar a anestesia e afirmou que “se o paciente desse trabalho, ela ‘judiava’ mesmo”.
A situação de descaso e negligência se agrava ainda mais devido à presença de casos de Covid-19 na área de isolamento que, segundo ela, é próxima à clínica cirúrgica. Beatriz ainda relata que uma paciente infectada pelo coronavírus teve que abrir a porta do isolamento e chamar alguém para trazer comida, expondo assim outras pessoas ao risco de contágio. Além disso, o cirurgião responsável teria entrado na área de isolamento sem a devida proteção e o uso adequado de máscaras.
Em nota, o HGP negou as denúncias feitas por Bendra Beatriz, afirmando que ela “recebeu todos os devidos cuidados e foi assistida por uma equipe multidisciplinar“. Além disso, um boletim de ocorrência foi registrado por conta de vídeos que teriam sido gravados pela paciente dentro do hospital e divulgados em suas redes sociais.
(Clein Ferreira – com informações de Ronaldo Modesto)