Um brutal assassinato repercute na cidade de Jacundá, a 120 quilômetros de Marabá, desde a noite de terça-feira. A microempresária e professora da rede pública de ensino Lucinéia Alves dos Santos, a “Néia”, de 46 anos, foi encontrada morta no estabelecimento comercial de sua propriedade, localizado na Avenida Cristo Rei, centro da cidade. Somente ao meio de quarta-feira uma equipe do IML chegou ao local para autorizar a remoção do corpo e realizar perícia no local.
Homicídio ou latrocínio. Esse é o mistério que o delegado Marco Mayer tem para desvendar após os resultados da perícia e exames cadavéricos, que devem sair em até 30 dias. “Esse crime comoveu a população de Jacundá, e causou comoção social, mas estamos aguardando os laudos da perícia para direcionar a investigação, porém, já estamos atuando para esclarecer esse brutal assassinato”, resumiu o delegado sem comentar outras informações.
O comandante da 18ª Companhia Independente de Polícia Militar, major Fábio Rayol, emitiu uma nota sobre o caso. Segundo ele, a irmã da vítima, Laudicéia “informou que sua genitora teria ouvido quando a vítima, a Lucinéia Alves dos Santos, teria recebido uma ligação por volta das 16h (terça-feira), posteriormente a isso não souberam mais notícias da mesma, que aproximadamente as 20h40, Caroline de Paula Soares e Abia Vitória do Santos Silva passaram em frente à loja da vítima que tem o nome fantasia “Desafio”, perceberam que a mesma estava aberta com as luzes acesas, porém não estranharam nada, pois a vítima teria por costume de permanecer em sua loja até altas horas, para corrigir provas de alunos, uma vez que acabara de passar em um concurso público no município, também nos informou que a vítima teria costumes de dormir no local do crime”
Leia mais:O corpo de Néia, como era popularmente conhecida na cidade de Jacundá, foi encontrado por um irmão dela que estranhou o atraso da mulher para jantar. Em seguida, foi acionada a Polícia Militar e Civil.
A loja de sua propriedade está localizado na Avenida Cristo Rei, 397. E o corpo estava encostado na parede de um quarto onde a mulher costumeiramente dormia. Na cena do crime havia diversos documentos espalhados no piso, uma vitrine de vidro estilhaçada, gavetas reviradas. Um punhal, que é uma pequena arma branca, de lâmina curta, estreita, penetrante e cortante, e cabo em forma de cruz, estava debaixo de uma bolsa de acessórios de uso pessoal da mulher, e possivelmente utilizada para lhe tirar a vida com diversos golpes pelo corpo.
O corpo de Néia estava encostado, sentado, na parede de um quarto, o que seria um segundo cômodo do imóvel. “Uma vizinha ao lado do prédio onde houve o homicídio não ouviu e nem viu nada de diferente do dia a dia na loja”, informou o comandante da PM.
Familiares informaram que a vítima era solteira, que nunca a presenciaram com envolvimento conjugal. Disseram ainda que “Néia” teria feito recentemente um empréstimo de aproximadamente R$ 16 mil, sendo que não sabem informar se este valor estaria na loja ou na residência onde a mesma residia com sua irmã Laudicéia.
A vítima havia ingressado na rede municipal de ensino através de concurso público. Sua nomeação para lecionar na escola Arco-Íris foi publicada em agosto. “Era o maior sonho de Néia ensinar as crianças. Ela até pretendia adotar uma criança já que estava empregada”, confidenciou uma amiga. Diante do brutal assassinato, a Secretaria de Educação de Jacundá decretou Luto Oficial. Ela era filha de Nelson José dos Santos e Maria de Lurdes Santos.
Durval Pontes, perito criminal do Instituto Médico Legal (IML) de Marabá, que foi até Jacundá, disse que o local de crime foi mexido, inadvertidamente, pelos familiares da vítima e populares e essa falta de preservação da cena prejudica o andamento das investigações, mas ele colheu outras informações. Ele explicou que a vítima levou duas facadas no pescoço e havia também hematomas no rosto.
Próximo ao local da morte foi encontrado também um canivete, mas como a arma provavelmente foi manuseada por terceiros, as impressões digitais detectadas nele possivelmente não são as do assassino, caso a arma tenha sido usada para matar “Néia”.
Também ouvido pela reportagem do Jornal CORREIO, Ideilson Alves dos Santos, irmão da vítima, explicou que “Neia” costumava dormir na lojinha temendo arrombamentos. Segundo ele, a família mora em Jacundá há mais de 30 anos. Ele confirmou que a arma usada pelo criminoso foi mesmo o canivete encontrado perto da cena do crime. (Antônio Barroso – freelancer)
Saiba mais
Em nota de pesar assinada pela secretária Leila Barbosa, a Semed de Jacundá declara: “É com profunda tristeza que recebemos na noite desta terça-feira a notícia do falecimento de uma professora. Lucineia Alves dos Santos, que foi contemplada no último concurso público da cidade, estava lotada na E.M.E.I.F. Arco-Íris. Diante deste fato isolado e de tremenda violência, decretamos luto em toda rede educacional municipal nesta quarta-feira, em solidariedade aos familiares, amigos e alunos.”