Correio de Carajás

Confeitaria transforma a vida de mulheres do São Félix

Mulheres sonham em conquistar a independência financeira por meio do empreendedorismo

As confeiteiras esperam, já para este Natal, receber encomendas e começar a trabalhar / Fotos: Jeferson Lima

Elzimar Rodrigues da Silva, Sannara Alves da Silva Lima e Andreia Silva Santos são três mulheres fortes e corajosas que decidiram – depois de muitos obstáculos ao longo dos anos – empreender e conquistar sua independência financeira através da confeitaria.

O CORREIO foi até o Núcleo São Félix conversar com as três moradoras que decidiram tirar as ideias do papel e começar a colocar a mão na massa – literalmente – em busca do sonho e do próprio negócio.

Seja por amor, pelo desejo de um novo desafio, pela necessidade de uma renda ou por encontrar na confeitaria a terapia contra a depressão, é fato afirmar que os bolos mudaram, definitivamente, a realidade dessas três grandes mulheres que, após a realização do curso de confeitaria, esperam, já para este Natal, começar a trabalhar e adoçar a vida de muitas famílias na cidade através de seus doces.

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“Meu marido realizou meu sonho de ter uma cozinha espaçosa para trabalhar”

Aos 33 anos, Sannara Alves é mãe de quatro filhos. Moradora do Residencial Tocantins, no Núcleo São Félix, ela sempre se dedicou aos cuidados da casa e dos filhos, mas o sonho de trabalhar com confeitaria vivia intimamente nela, tanto que costuma fazer bolos para familiares, amigos e eventos da igreja.

Sannara Alves contou com o apoio do marido para iniciar o trabalho

“Nunca trabalhei fora, mas quando vi aberta a inscrição para o curso de confeitaria na Estação do Conhecimento me interessei. E agora, com o curso, quero me especializar para entregar um trabalho ainda melhor”, conta.

Casada há 13 anos, o apoio do marido foi fundamental para a realização desse sono. Sannara conta que como a casa em que moram é muito pequena, ela precisava de uma cozinha mais ampla para poder iniciar no ramo da confeitaria.

“Sempre disse para o meu esposo que queria trabalhar com bolos e ele realizou meu sonho de ter uma cozinha espaçosa e adaptada para o trabalho. O apoio dele foi fundamental, ele sempre viu que eu tinha vontade e me ajudou. Agora é só alavancar, pretendo trabalhar nessa área e vou conseguir”.

Conhecida apenas por indicações de amigos, Sannara pretende, com a finalização do curso, abrir uma rede social profissional para divulgar seus bolos, afinal ela já está preparada para aceitar as encomendar para as festas de final de ano. “O professor nos ensinou várias sobremesas e agora vou divulgar meu trabalho nos grupos de WhatsApp que participo. Vou ter meu próprio dinheiro com a venda dos meus bolos”, garante.

“Tenho vontade de abrir meu próprio negócio aqui no bairro”

A oportunidade de fazer um curso profissionalizante de confeitaria caiu como uma luva para Andreia Silva, 33 anos. Mãe de três filhos, ela precisou abrir mão do trabalho formal para cuidar dos filhos.

Morando no Residencial Magalhães, ela sempre fez bolos e com a oportunidade de aprimorar ainda mais o conhecimento, agora almeja ter o próprio negócio.

“Quando tem evento na Estação venho vender bolos aqui, recebo algumas encomendas. Não vendo muito, mas agora, depois do curso, quero investir na carreira de boleira. O São Félix está crescendo muito e tenho vontade de abrir meu próprio negócio aqui no bairro”, diz.

Andreia Silva é mãe de três filhos e deseja montar o próprio negócio trabalhando em casa

Em duas semanas de curso, Andreia recebeu o certificado, fez muitos conhecidos e firmou grandes amizades. Para ela, a oportunidade dada às mães dos alunos é fundamental, já que muitas não podem – ou não conseguem – arranjar um emprego fixo por conta dos cuidados com as crianças. Com a confeitaria, é possível trabalhar dentro de casa e ter a própria renda.

“O curso foi muito bom. Tem coisas que a gente acha que está fazendo certo e, quando vê o professor ensinando, percebe que estava fazendo da forma errada. Foi muito legal. É uma terapia e a gente se diverte. Saímos da rotina de casa e conhecemos pessoas que tem histórias parecidas com a nossa”, fala Andreia, que diz estar pronta para receber encomendas.

“A confeitaria é uma terapia, me salvou da depressão”

Elzimar Rodrigues, 43 anos, costuma dizer que a confeitaria salvou sua vida da depressão. Com a pandemia da covid-19, ela acabou perdendo a mãe e entrando em profunda tristeza. A situação perdurou até que um dia, mexendo no celular, viu o anúncio de um curso de confeitaria online no Youtube. Decidiu comprar e ocupar a mente. “Não é igual na prática né? Mas foi como comecei. Então, fui fazendo bolos, depois fiz um curso de salgados e comecei a receber algumas encomendas”, conta.

A confeitaria salvou Elzimar Rodrigues de uma severa depressão

Finalizando o curso de confeitaria, ela conta que sempre quis fazer aulas presenciais e aproveitou essa oportunidade para aprimorar o conhecimento. “A Estação é uma extensão da nossa casa e nos ajuda bastante. Fico feliz porque eles dão oportunidade para nós, que somos mães de alunos”, relata Elzimar, que é casada e já ajuda o esposo complementando a renda com a venda de bolos e salgados.

Moradora do Residencial Tocantins, ela afirma que já possui um perfil profissional no Instagram para divulgar o trabalho. O “Elza Confeitaria Artesanal” leva o nome da mãe, como forma de homenagem, já que a confeitaria surgiu em um momento de dor após a perda da matriarca. “Agora quero receber mais encomendas e mostrar meu trabalho. Vou chegar lá! Tenho certeza que vai dar tudo certo”, acredita.

Desafios das mulheres no empreendedorismo

Segundo dados recentes do Sebrae, as mulheres brasileiras acabam tomando a decisão de empreender por necessidade, para complementar a renda ou alcançar a liberdade financeira.

As estatísticas da Rede Mulher Empreendedora revelam que 53% das empreendedoras são mães que buscam por horários flexíveis que permitam conciliar as tarefas domésticas e a vida profissional.

O empreendedorismo feminino é uma excelente oportunidade para as mulheres que precisam dividir seu tempo entre carreira e filhos, com flexibilidade de horários e a possibilidade de trabalhar de casa. Muitas, ao se tornarem mães, decidem empreender impulsionadas, principalmente, pela dificuldade de conciliar a rotina do cuidado com os filhos com os horários rígidos de trabalho.

Existem diversas maneiras de estimular e apoiar o empreendedorismo feminino. Veja algumas das ações mais efetivas, e simples, para conseguir ajudar mulheres empreendedoras:

  • Compre os seus produtos e serviços;
  • Apoie o empreendedorismo feminino local na hora das compras;
  • Indique para amigos e familiares;
  • Faça comentários e sugestões positivas, estimulando com essa interação feedbacks construtivos para o crescimento do negócio.

(Ana Mangas)