A infecção pelo HIV/Aids é uma pandemia global, especialmente nos países em desenvolvimento. Até o final de 2014, o número estimado de casos de infecção pelo HIV no mundo inteiro era de cerca de 36,9 milhões, 66% dos quais estão na África Subsaariana. Cerca de 47% dos casos acometeram mulheres e 2,6 milhões acometeram crianças. Em 2014, houve 2 milhões de novas infecções por HIV no mundo todo, e 1,2 milhões de mortes.
A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) foi originalmente definida de modo empírico pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) como “a presença de uma doença de diagnóstico confiável, pelo menos moderadamente indicadora de defeito subjacente na imunidade celular na ausência de causa conhecida para esse defeito”.
Após o reconhecimento do HIV como agente causal e o desenvolvimento de testes sensíveis e específicos para a infecção pelo HIV, a definição de Aids sofreu revisões substanciais. A atual definição de vigilância classifica os indivíduos infectados pelo HIV com base nas afecções clínicas associadas à infecção pelo HIV e nas contagens de linfócitos T CD4+.
Leia mais:A despeito da resposta imune intensa desencadeada após a infecção primária, o vírus não é eliminado do organismo. Na verdade, surge uma infecção crônica que persiste por um período mediano de 10 anos antes de o paciente tratar, e se tornar clinicamente doente.
Durante esse período de latência clínica, o número de células T CD4+ declina gradualmente, porém poucos sinais e sintomas clínicos, ou nenhum, podem ser evidentes. Entretanto, a replicação ativa do vírus quase sempre pode ser detectada pela viremia plasmática e demonstração da replicação do vírus no tecido linfoide.
Do ponto de vista prático, o médico deve considerar a doença pelo HIV como um espectro de distúrbios que vão desde a infecção primária com ou sem a síndrome aguda do HIV, passando pelo estágio infectado assintomático, até a doença avançada caracterizada por infecções oportunistas e neoplasias.
A Aids é causada da infecção pelos retrovírus humanos HIV-1 ou 2. O HIV-1 é a causa mais comum no mundo todo. Esses vírus são transmitidos por contato sexual; por transfusão de sangue ou hemoderivados contaminados, por agulhas e seringas contaminadas e compartilhadas por usuários de drogas endovenosas; no intraparto ou período perinatal da mãe para o lactente; ou pelo leite materno.
Não há evidências de que o vírus possa ser transmitido por contato casual ou familiar, ou por picadas de insetos, como os mosquitos. Existe um risco ocupacional concreto, ainda que pequeno, de infecção nos técnicos de laboratório que trabalham com amostras infectadas pelo HIV. O risco de transmissão do HIV de um profissional de saúde infectado para seus pacientes por meio de procedimentos invasivos é extremamente baixo.
Em relação a epidemiologia, até 1° de janeiro de 2014, tinham sido diagnosticados 1.194.039 casos cumulativos de Aids nos EUA; houve cerca de 660.000 mortes em pessoas com diagnóstico de Aids. Porém, a taxa de morte por Aids diminuiu de forma substancial nas últimas duas décadas devido principalmente ao maior uso de potentes agentes antirretrovirais.
Atualmente, há uma estimativa de 1,2 milhão de indivíduos infectados pelo HIV morando nos EUA; e aproximadamente 13% dessas pessoas não sabem que estão infectadas. Estima-se que 50.000 indivíduos são infectados a cada ano nos EUA; esse quadro tem permanecido estável por pelo menos 15 anos. Entre adultos e adolescentes recém diagnosticados com infecção pelo HIV em 2013, 80% eram homens e 20% eram mulheres.
Dos novos casos diagnosticados de HIV/Aids em homens, 81% foram causados por contato homossexual, 10% por contato heterossexual e 5% por uso de drogas endovenosas. Entre as mulheres, 87% foram causados por contato heterossexual e 12% por uso de drogas injetáveis. O tema continua na próxima edição de terça feira.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.