O exame de toque retal desperta medo em um a cada sete homens, segundo uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). No entanto, às vezes é preciso “enfrentar esse medo” para evitar um mal maior: o câncer de próstata. Isso porque o toque retal é um dos exames indicados para diagnosticar este tipo de câncer.
🚨O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum para os homens, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma. No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos deste tipo de câncer por ano para o triênio 2023-2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Um vídeo do ator Antônio Fagundes sobre o Novembro Azul (movimento mundial para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata), em parceria com o Porta dos Fundos, viralizou nesta semana.
Leia mais:Nele, o galã de novelas traz números sobre a incidência do câncer no Brasil e questiona: “quando é que você vai liberar esse c* aí? Colocar o c* para jogo é a melhor forma de se prevenir contra essa doença”.
Para Alfredo Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o vídeo traz uma mensagem importante e acende uma luz sobre o tema. “É uma mensagem para o homem que não se cuida. Os números são reais. A linguagem mais sarcástica pode ajudar esses homens a mudar de postura, a deixar o preconceito de lado”.
Mas todos os homens precisam fazer o exame de toque retal?
Pedir exames para homens saudáveis e sem sintomas é um tema que gera debate no meio científico. A maioria das organizações médicas incentiva os homens na faixa dos 50 anos a discutir os riscos e benefícios do rastreio do câncer da próstata com os médicos.
No Brasil, se o homem tiver sinais e sintomas (leia mais abaixo), o recomendado é realizar os exames para investigar o câncer de próstata. Agora, se o paciente não tiver sintomas específicos, é necessário conversar com o médico sobre os riscos e benefícios.
- Benefícios: realizar o exame pode ajudar a identificar o câncer de próstata logo no início da doença, aumentando assim a chance de sucesso no tratamento. Tratar o câncer de próstata na fase inicial pode evitar que se desenvolva e chegue a uma fase mais avançada;
- Riscos: ter um resultado que indica câncer, mesmo não sendo, gera ansiedade e estresse, além da necessidade de novos exames, como a biópsia. Diagnosticar e tratar um câncer que não evoluiria e nem ameaçaria a vida. O tratamento pode causar impotência sexual e incontinência urinária. Os riscos desses exames estão relacionados às consequências dos seus resultados e não à sua realização.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda também que homens negros, obesos ou com histórico familiar de câncer de próstata (parentes de primeiro grau) façam o exame do toque retal (sempre em conjunto com o PSA) a partir dos 45 anos.
“Sabemos que existe uma população de risco, com maior chance de desenvolver esse tipo de câncer. O acompanhamento deve começar a partir dos 45 anos, mas defendemos que a conduta tem que ser através de decisão compartilhada entre médico e paciente. O paciente tem mais de 90% de chance de cura com o diagnóstico precoce”, explica Alfredo Canalini.
Quais os sintomas do câncer de próstata?
Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando apresenta, os mais comuns são:
- Dificuldade de urinar;
- Demora em começar e terminar de urinar;
- Sangue na urina;
- Diminuição do jato de urina;
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Esses sinais e sintomas também ocorrem devido a doenças benignas da próstata. Por exemplo:
- Hiperplasia benigna da próstata é o aumento benigno da próstata. Afeta mais da metade dos homens com idade superior a 50 anos e ocorre naturalmente com o avançar da idade;
- Prostatite é uma inflamação na próstata, geralmente causada por bactérias.
PSA, toque, ressonância, biópsia
A análise da próstata é feita pela dosagem do PSA no sangue juntamente com o exame de toque. Um exame não exclui o outro, visto que é possível ter PSA aumentado e não ter a doença ou tê-lo normal e ter a doença. O PSA também pode aumentar no caso de prostatite e HPB, e há situações em que ele não se altera mesmo com o câncer em curso.
“O próximo exame é a ressonância nuclear magnética da próstata. O profissional consegue classificar as imagens como não suspeitas de câncer e pode verificar se existem nódulos”, explica o urologista.
Já a biópsia vai confirmar se existe ou não a presença de câncer. “Na biópsia conseguir classificar se é mais agressivo, ou se é indolente, se vamos só acompanhar o paciente. Tudo isso é conversado”, completa o presidente da SBU.
O tratamento pode vai depender de vários fatores. Em alguns casos, o tratamento imediato pode não ser necessário e os médicos recomendam a vigilância ativa (com acompanhamento regular). Em outros, a cirurgia de retirada da próstata é o suficiente. A radioterapia e o tratamento hormonal também podem ser indicados.
(Fonte:G1)