Correio de Carajás

Briga de Torcida: Homem é condenado por morte de torcedor do Paysandu

Atualização 10 de outubro de 2018 por

Os jurados do 4º Tribunal do Júri de Belém, presidido pelo juiz Claudio Henrique Rendeiro, votaram ontem, terça-feira, 9, pela condenação de Jailton da Silva Pacheco, de 28 anos. Atualmente foragido da Justiça, o réu foi acusado da morte de Kelvi Sadala Batista Moraes, prestador de serviços gerais de 19 anos.

A pena fixada pelo homicídio foi de 17 anos e oito meses de reclusão e deverá ser cumprida em regime inicial fechado. Por se encontrar em local incerto e não localizado pela Justiça o condenado teve mandado de prisão decretado.

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A decisão acompanhou a acusação sustentada pelo promotor de Justiça José de Almeida Barbosa. Para a promotoria, os depoimentos prestados pelas testemunhas, em especial o da testemunha presencial que reconheceu o acusado, revelaram que o crime foi o de homicídio qualificado, motivado por rivalidade entre torcidas.

O defensor público Alex Noronha sustentou a tese absolutória de negativa de autoria, com base no depoimento prestado pelo acusado às autoridades na época do crime. A defensoria considerou, ainda, que os depoimentos estavam duvidosos e que diante de dúvida os jurados deveriam absolver o acusado.

Uma das testemunhas de acusação que apareceu para depor era companheira do réu à época do crime e declarou no júri que a vítima era torcedor do Paysandu, mas que não fazia parte de torcida organizada. A depoente também revelou que além do réu, outras três pessoas teriam ajudado Jailton Pacheco a espancar a vítima. Ela disse ainda que o namorado teria se armado de gargalo de garrafa e desferido golpes no abdômen de Kelvi Moraes, além de lhe subtrair um cordão com o pingente do time do pescoço da vítima.

Em depoimento prestado à Justiça da Ilha de Mosqueiro, região metropolitana de Belém, o réu negou ter golpeado a vítima com gargalo de garrafa, e disse que só foi preso em uma oportunidade quando tinha 17 anos, por porte de arma de fogo.

A Polícia Civil da Ilha só denunciou Jailton Pacheco por ter sido o único reconhecido na Delegacia por testemunha presencial do crime.

Rivalidade de torcidas

Inicialmente o crime foi tipificado pela Polícia Civil como latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Após ser remetido à Justiça o crime foi considerado homicídio qualificado pois o acusado se armou com um gargalo de garrafa e acertou duas estocadas na vítima por ser esta de torcida do time de futebol rival.

A Justiça considerou que o cordão subtraído da vítima, com escudo do Paysandu, clube adversário, “foi apenas uma demonstração de superioridade de um clube sobre o outro”, pontuou o juiz, na sentença de pronúncia.

Consta na denúncia que Kelvi Moraes e Jailton Pacheco estavam numa festa que acontecia em via pública, na orla da Praia do Murubira no último dia das férias de julho. Por volta das 2h do dia 31/07/2012, a vítima foi atingida com duas estocadas de gargalo de garrafa pelo réu.

Em depoimento prestado pela então companheira da vítima, o casal estava acompanhado de familiares, mas se afastou para a mulher ir ao banheiro. Kelvin ficou esperando a mulher na calçada, e na ocasião tocaram os hinos dos clubes, primeiro do Remo em seguida do Paysandu. Quando a mulher saiu do banheiro já encontrou o companheiro ferido no abdômen e caído no chão.   Socorrida pelos familiares a vítima chegou ao hospital sem vida.

Uma das testemunhas que presenciou o crime disse que Kelvi Moraes sofreu o ataque após uma discussão com Jailton Pacheco por conta dos times e que o réu arrancou o cordão com o escudo do clube adversário que estava no pescoço da vítima, além de lhe desferir as duas estocadas com gargalo de garrafa, fugindo do local.

Após atacar Kelvi Moraes, o réu e mais cerca de 10 jovens promoveram arrastão pela orla, roubando pertences de populares que estavam no local. A Polícia conseguiu prender em flagrante alguns deles, incluindo um primo do réu. Após a prisão Jailton Pacheco foi à delegacia para saber da prisão do primo e acabou preso em flagrante ao ser reconhecido por uma testemunha como o autor dos golpes que feriram mortalmente o torcedor do Paysandu. (Ascom/TJPA)