Talvez você nunca saiba disso, professora Ione, mas foram as suas aulas dinâmicas e divertidas que despertaram em mim a vontade de cursar a faculdade de História.
Era 2005 e eu amava morar em Palmas (Tocantins), mas acima de tudo, eu amava estudar.
No auge dos meus catorze anos (Deus, como eu tô velha!), lá pela – antiga – oitava série do Ensino Fundamental, eu conheci você. Uma mulher de riso fácil, cabelo cacheadinho igual ao meu, que carregava um brilho nos olhos ao entrar em uma sala de aula na Escola Luiz Rodrigues Monteiro.
Leia mais:Com você eu aprendi sobre a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, a de Canudos, também sobre a República Populista. E sobre mim.
Eu me lembro que sua didática era diferente de tudo o que eu já tinha vivenciado até então. Você fez da sala de aula um cinema e nos ensinou através dos filmes.
Conheci Olga Benário da Camila Morgado e os soldados de Pearl Harbor produzidos por Hollywood. Assisti a Antônio Conselheiro, do José Wilker, se transformar em líder no interior da Bahia. E vi nascer em mim, o desejo de ser como você.
Durante seis anos o meu sonho de cursar História perdurou. E quando chegou o momento de me inscrever para o vestibular, eu vi esse mesmo se desfazer aos pouquinhos. Lá por 2011, a então Universidade Federal do Pará (UFPA), aqui em Marabá (onde nasci e para onde retornei em 2006) não ofertava História. Então escolhi cursar Letras Inglês.
Na minha trajetória na faculdade, eu descobri que aquele curso que eu sonhei e o que eu realizei, tinham interseções pelo caminho. É possível conhecer a história do mundo através da literatura e dos caminhos trilhados pela escrita. E foi aí que meu coração ficou quentinho outra vez.
Mas apesar de amar a minha formação, eu me dei conta que talvez não seja muito boa para lecionar. Acho que me falta um pedaço do seu talento natural.
Sabe Ione, com o tempo eu entendi que para estar em uma sala de aula, principalmente de uma escola pública, é preciso muito mais que só a vontade de ensinar. É preciso ter força, perseverança, resiliência e empatia. Qualidades que, olhando para trás, eram sua marca registrada.
Talvez por isso a sua lembrança tenha permanecido tão viva na minha mente e no meu coração.
Isso e a foto que tiramos juntas na minha formatura da 8ª série. Duas mulheres de riso fácil, cabelo cacheadinho e olhos brilhantes.
Feliz dia, professora Ione.
Com o coração transbordando nostalgia,
Luciana Araújo.