Imagina reunir o melhor de duas culturas gastronômicas que possuem identidades fortíssimas, mas que estão em pólos completamente opostos no planeta? É isso que a família Shibata faz tradicionalmente em todos os almoços para comemorar datas especiais, em Tomé-Açú, nordeste do Pará.
Da geração mais recente, a jovem de 17 anos, Melissa Yui Shibata, começou a registrar estes momentos e compartilhar nas redes sociais. Um dos vídeos mostra um verdadeiro banquete: sushi, açaí, churrasco, guioza, maniçoba e yakissoba. Tomar o tacacá só se for com hashi.
“Meus avós paternos vieram do Japão durante a guerra. Essa tradição em família existe há muito tempo, desde que meu pai e meus tios eram pequenos. Eles sempre encontravam aos finais de semana para ter essa comunhão”, contou Melissa.
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Ela está no terceiro ano do ensino médio e se divide entre morar em Belém para os estudos e ir para a casa dos pais aos finais de semana em Tomé-Açú, cidade conhecida por ter a terceira maior colônia de japoneses do Brasil, distante 187 km da capital.
Com mais de 146 mil visualizações, o vídeo do almoço “diferentão” que viralizou na internet foi a comemoração aos 88 anos da “batchan” — apelido para “avó” em japonês — Kumeko Shibata.
Na casa dos pais de Melissa, a mistura entre as delícias de cada região é o que torna tudo mais interessante. As receitas tipicamente paraenses, como a maniçoba, feita a partir da maniva – folha da mandioca, e que leva sete dias para ficar pronta, abre espaço no prato para uma rodada de sushi fresco, com arroz urichimai e salmão cru.
Todo mundo com seus hashis entre os dedos, o tacacá, uma sopa originalmente indígena com tucupi, camarão e folhas de jambu, fica até mais fácil de ser apreciado, já que, popularmente, são com palitinhos que os ingredientes são “pescados” de dentro do caldo quente.
“E ‘dá-lhe’ no tacacá […] Quebrando o tabu: comendo farofa de hashi. Se não for para misturar, não tem graça” brinca Melissa durante a gravação.
Achou que a sobremesa ia ser diferente? Sorvete de açaí para encerrar com chave de ouro. “Melhor parte da ‘broca”, completou a jovem, com a gíria paraense usada para o momento da refeição.
“Minha mãe é paraense e meu pai também nasceu aqui. Geralmente a gente faz uma coisa chamada ‘motiyori’, que significa algo como: cada um leva alguma coisa. Então, cada família que vai leva alguma comidinha”, explicou.
Além do almoço intercultural, Melissa já publicou vídeos mostrando e experimentando frutas do próprio sítio dos pais que ela considera exóticas para muitos que moram em outras regiões. Entre elas, banana vermelha, jambo, pupunha, carambola e mangostão.
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(Fonte: G1)