O Hangar, Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, tornou-se o epicentro das discussões sobre o futuro da mineração na noite desta segunda-feira (28). Questões cruciais foram debatidas, com destaque para o equilíbrio entre a atividade minerária e a preservação ambiental, no início da 25ª edição da Exposibram (Exposição Brasileira de Mineração).
O evento reúne anualmente as principais empresas de mineração do Brasil e do exterior, juntamente com líderes políticos, empresariais e governamentais, para discutir os desafios e avanços do setor. Neste ano, a reportagem deste CORREIO está participando da programação e acompanhou a abertura que foi pautada pelo complexo desafio de alinhar a exploração minerária à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável, por meio de grandes nomes da área.
Helder Barbalho, governador do Pará, enfatizou a importância econômica da atividade minerária, que gera centenas de milhares de empregos no Brasil e, especialmente, no estado do Pará. No entanto, aproveitou a oportunidade para ressaltar a necessidade de que a indústria cumpra rigorosamente as licenças e obrigações ambientais.
Leia mais:O “Rei do Norte” fez questão de destacar a relevância de harmonizar as agendas de preservação e conservação com a busca por uma economia de baixo carbono, apontando para o valor econômico dos recursos naturais, como o estoque florestal nativo, que representa uma riqueza fundamental para o presente e o futuro do estado.
Segundo Helder Barbalho, a rastreabilidade deve ser implementada por meio de legislação para combater atividades ilegais. Ele ressaltou que a mineração pode ser um vetor de desenvolvimento do Estado. “É fundamental que nós possamos rastrear toda e qualquer atividade minerária no Brasil, para que nós possamos ter absoluta certeza de que o produto explorado é oriundo de áreas que estejam legalmente exploradas, com licença ambiental, com autorização de exploração de lavra e, consequentemente, nós possamos certificar estes produtos que estejam compatíveis com aquilo que desejamos de uma atividade que respeite o meio ambiente”, enfatizou.
“Nós desejamos que a atividade da mineração possa financiar a economia de baixo carbono, a bioeconomia e, particularmente, fazendo das reservas florestais e das áreas de floresta permanente no Estado áreas que permitam participar da captura de carbono e, consequentemente, de um mercado regulado, que monetize floresta e monetize este processo”, explicou o governador do Pará.
“Da mesma forma, nós precisamos ter absoluto fortalecimento das atividades de licenciamento para a convicção e certeza de que esta atividade, ao tempo em que explora solo e subsolo, possa estar licenciada e legalmente cumprindo as regras de recomposição das áreas antropizadas (alteradas pela ação do homem), das áreas derrubadas, como também das compensações necessárias para que possa mitigar os impactos oriundos da atividade minerária”, reiterou Helder Barbalho.
“RELACIONAMENTO SAUDÁVEL”
Para sustentar o argumento de que o setor da mineração e o meio ambiente não são conflitantes, o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, optou por um discurso um tanto quanto transparente. O líder enfatizou que o setor de mineração não é incompatível com a proteção ambiental. Pelo contrário, ele reforçou o compromisso do segmento em buscar a sustentabilidade e o cumprimento das leis para garantir sua continuidade e evitar associações com o garimpo ilegal.
Jungmann também ressaltou a necessidade de segurança nas atividades de mineração, relembrando os desastres ambientais de Mariana e Brumadinho. Ele destacou a importância de evitar acidentes e apoiou a Associação de Vítimas de Brumadinho, que ganhou espaço no evento.
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
A abertura da Exposibram 2023 contou com um talk show sobre os desafios da mineração no Brasil. Participaram a diretora-executiva da Sigma Lithium, Ana Cristina Cabral, Raul Jungamann, a diretora do departamento de desenvolvimento sustentável na mineração, Ana Paula Lima Vieira Bittencourt, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, o presidente do International Council on Mining and Metals (ICMM), Rohitesh Dhawan e gerente do Rio Tinto, Jamile Cruz.
Na ocasião, o presidente da Vale compartilhou os esforços da empresa em aumentar a segurança das operações e prevenir acidentes. Ele destacou que a empresa atingiu a menor taxa de acidentes em sua história.
Bartolomeu enfatizou o papel do setor de mineração na redução das emissões de gases de efeito estufa e na luta contra as mudanças climáticas. Na programação inicial, a mineradora estabeleceu metas ambiciosas para reduzir suas emissões e contribuir para a proteção da floresta amazônica.
FINANCIAMENTO
A diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do Ministério de Minas e Energia (MME), Ana Paula Bittencourt, abordou o desafio de financiamento enfrentado pelo setor de mineração.
Na roda de conversa, Jungmann questionou a alocação limitada de recursos para a indústria, mesmo sendo um grande produtor de riqueza no país e, como resposta, Ana Paula reconheceu o problema e indicou que o governo federal está interessado em abordar essa questão por meio de alterações na legislação vigente.
DIÁLOGO E SUSTENTABILIDADE
A Exposibram 25 se iniciou como um espaço de diálogo essencial, onde líderes do setor de mineração, governantes e especialistas debatem as complexas interações entre a exploração mineral e a sustentabilidade ambiental. A busca por um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental está no cerne das discussões, e a interação entre todas as partes interessadas promete lançar as bases para um futuro mais sustentável para a indústria da mineração. (Thays Araujo)