A refinaria de alumina Hydro Alunorte anunciou nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (3) que suspenderá temporariamente 100% de sua operação nos municípios de Barcarena e Paragominas, no Pará. A Alunorte está operando com 50% de produção desde março, após ser denunciada pelo despejo irregular de resíduos em rios e igarapés, causando danos ao meio ambiente e à população local.
Os incidentes ocorreram nas dependências da Hydro Alunorte nos dias 16 e 17 de fevereiro. Chovia bastante na época e a empresa decidiu despejar efluentes não tratados no leito do rio Pará para diminuir a pressão e o volume de água de chuva sobre o Bacia de Rejeitos (DRS 1).
Segundo a empresa, a decisão de suspender as operações foi tomada após verificar que a área de depósito de resíduos de bauxita 1 (DRS1) está próxima de atingir sua capacidade. A Hydro atribui isso ao embargo, que impediria o uso do filtro prensa e da recém-desenvolvida área de depósito de resíduos de bauxita (DRS2), que representam um investimento de mais de R$ 1 bilhão.
Leia mais:Ainda segundo a Hydro, devido ao embargo, a refinaria foi forçada a operar apenas o DRS1, que foi originalmente planejado para ser encerrado. O tempo útil do DRS1 está chegando ao fim mais rápido do que o previsto, fazendo com que a Alunorte suspenda suas operações.
Tanto a Alunorte quanto a mina de Paragominas iniciaram o processo de desligamento com segurança nesta quarta-feira (3).
A Hydro informou que está trabalhando em colaboração com os sindicatos e fará o máximo para reduzir as consequências para os empregados, mas afirmou que a decisão de paralisar as operações da Alunorte e da Mineração Paragominas afetará empregos diretos e indiretos em ambas as unidades.
Danos ao meio ambiente
Nos dias 16 e 17 de fevereiro deste ano, resíduos de bauxita contaminada vazaram da Hydro Alunorte para o meio ambiente após fortes chuvas em Barcarena. Após uma vistoria com a presença da procuradoria do Ministério Público, foi identificado uma tubulação clandestina que saída da refinaria e despejava rejeitos que contaminaram o solo da floresta e rios das localidades próximas. Ainda foram encontradas outras duas tubulações ilegais que tinham a mesma finalidade.
A empresa recebeu sanções da Justiça que determinou a redução de sua produção em 50% até que sejam resolvidos os problemas das comunidades atingidas pela contaminação e sejam resolvidos os problemas para a captação dos rejeitos das bacias durante as fortes chuvas que caem regularmente na região, além de ter condenado a empresa a pagar R$ 150 milhões por danos ambientes.
O Instituto Evandro Chagas realizou coletas de solo e água nas comunidades que ficam ao redor da Hydro e após análise em laboratório foi constatado alteração nos elementos químicos presentes no solo, além da presença de metais pesados e cancerígenos como chumbo. A Hydro encomendou um estudo que refutou as análises do IEC e negou que houve contaminação. (Fonte:G1)