AGÊNCIA EINSTEIN – Idosos com pouco contato social parecem ter um volume cerebral menor e uma atrofia em áreas associadas à perda cognitiva, sugere um novo estudo japonês publicado na revista “Neurology”.
Embora o artigo não afirme que há uma relação de causa e efeito, ou que o isolamento social leve a uma redução do tamanho do cérebro, sabe-se que a depressão – muito associada à solidão – é um fator preditor de demência, pois, na falta de conexão social, o cérebro deixa de receber estímulos.
“É mais uma evidência de que viver em sociedade é o maior desafio para o cérebro humano e as conexões sociais são um dos pilares para se construir reserva cognitiva ao longo da vida”, diz o neurologista Andre C. Felicio, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Por isso, o isolamento é bastante prejudicial à saúde do cérebro.”
Leia mais:Para chegar ao resultado, os autores avaliaram 8 896 idosos sem comprometimento cognitivo, com uma idade média de 73 anos. Todos passaram por exames de ressonância magnética para avaliação do cérebro e exames de saúde. Além disso, responderam a questionários sobre a frequência da interação com parentes ou amigos – desde diariamente até raramente.
As pessoas com menos contato social tinham um volume cerebral total menor. Elas também apresentaram uma queda no tamanho de áreas como o hipocampo, associado à memória. Para evitar vieses, o estudo levou em conta fatores que podem afetar o volume cerebral, como idade, diabetes e tabagismo.
“O tripé que leva em conta os estímulos sociais, físicos e cognitivos é a grande diferença para um cérebro saudável e longevo”, explica Felicio. “Se a pessoa passa um período muito longo sem estímulos sociais, pode levar à atrofia.”
O estudo reforça a importância de as pessoas se manterem socialmente conectadas. “Mas isto deve iniciar preferencialmente antes da velhice e, certamente, antes dos primeiros problemas cognitivos. Muitas vezes elas nos procuram com sintomas importantes e querem iniciar um trabalho preventivo. Nestes casos, seria mais indicado uma reabilitação.”
(Fonte: Estadão)