Um trabalhador rural de 42 anos foi encontrado morto após ser filmado bebendo uma garrafa de cachaça em Catalão, no sudeste goiano . “Apostaram duas caixinhas de cerveja. Ele virou 1 litro de pinga, mas não aguentou”, contou uma testemunha.
Mas o que acontece no corpo que faz o consumo abusivo ser fatal?
A intoxicação severa por álcool pode levar ao coma alcoólico, um estágio avançado de rebaixamento da consciência que ameaça a vida.
Leia mais:“Não há tempo do organismo metabolizar aquele álcool e transformá-lo em gás carbônico [que sai do corpo pela respiração] e água [que sai pela urina]”, explica o médico Paulo Olzon, clínico da Escola Paulista de Medicina (Unifesp).
Por causa disso, uma área do cérebro afetada pelo efeito tóxico do álcool pode desligar funções vitais, como a que controla a respiração e o coração. Como consequência, pulmão e os batimentos podem parar de funcionar.
Qual a quantidade já é um risco?
A quantidade de doses necessárias para que uma pessoa atinja um nível de intoxicação varia de acordo com sua tolerância, velocidade de ingestão e absorção (que é mais rápida com o estômago vazio), e o tipo de bebida consumida (bebidas com maior teor alcoólico são absorvidas mais rapidamente).
Segundo o Ministério da Saúde, a intoxicação aguda ocorre quando o corpo não consegue metabolizar o álcool consumido em determinado período.
Binge drinking ou ‘beber pesado episódico’
O consumo de uma quantidade excessiva de álcool em um curto período é chamado tecnicamente de Beber Pesado Episódico (BPE), ou binge drinking. O hábito é altamente prejudicial à saúde, tanto a curto quanto a longo prazo.
Essa prática coloca as pessoas em situações de risco, como acidentes de trânsito, episódios de violência, sexo desprotegido e, claro, quadros de intoxicação que podem levar a morte.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o BPE como o consumo de 60g ou mais de álcool puro em uma única ocasião, pelo menos uma vez no último mês. Esse comportamento está associado a danos imediatos, como amnésia alcoólica, quedas, brigas, acidentes e intoxicação, além de aumentar os efeitos negativos do álcool em vários órgãos e sistemas do corpo.
Embora a maioria das pessoas que bebem em excesso não seja dependente do álcool, esse hábito é prejudicial por si só e está relacionado a lesões, doenças graves e aumento do risco de transtorno por uso de álcool.
Os principais sintomas do quadro costumam ser os seguintes: pensamento demorado, suscetibilidade emocional, comportamento desinibido, euforia ou depressão, agitação, convulsão, andar instável, tremores, náuseas, vômito, hipotermia, vermelhidão ou palidez, fraqueza muscular e coma.
Segundo Raymundo Paraná, médico hepatologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a intoxicação aguda também pode causar arritmia (distúrbio do ritmo cardíaco) sobretudo seu paciente já tiver uma doença cardiovascular.
“Além disso, o paciente pode também ter algumas interações medicamentosas nefastas nesse consumo agudo. Mesmo que ele não tenha nenhuma doença hepática, esse consumo exagerado e absurdo do álcool pode provocar isso”, acrescenta o médico.
Nos casos de intoxicação severa por álcool, segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), que é uma organização não governamental e uma das principais referências sobre o tema no país, os sintomas incluem perda de consciência, falha nas funções vitais e podem levar à morte quando a concentração de álcool no sangue atinge níveis entre 0,3% e 0,45%.
Tontura e vômito
Outra possibilidade é a pessoa sofrer uma queda de pressão ou tontura, o que pode provocar vômito. “Se ela aspirar esse vômito, ele entra nos pulmões, que ficam encharcados de álcool, e causa uma parada respiratória – que afeta diretamente os batimentos cardíacos”.
“Se ela sobreviver a um episódio assim, pode ter consequências posteriores. O suco gástrico que entrou no pulmão tem efeito tóxico nas vias respiratórias e provoca lesões graves”, afirma o médico.
Olzon afirma que beber em excesso, “um arroubo da juventude”, é uma coisa extremamente séria. Ele explica que a ingestão de álcool deve ser intercalada com alimentos e água. “Esse quadro de competição não dá tempo da pessoa se hidratar. Por isso, é melhor não fazer”.
Se a pessoa suar frio, ficar tonta e chegar a perder a consciência, deve ser levada imediatamente a um pronto-socorro para receber glicose na veia.
(Fonte:G1)